RETRATO DA SEMANA


Partindo para revolução - Autor desconhecido

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

 

ATA QUE PROCLAMOU A 

REPÚBLICA RIO-GRANDENSE


No dia 12 de setembro de 1836, dois dias após a fulgurante vitória na Batalha do Seival, enquanto ainda enterravam seus mortos e curavam suas feridas, foi redigida a famosa ata que registrou a vontade dos Farrapos em relação a proclamação da República Rio-Grandense. 

Eis uma resenha sobre o tema, extraída do livro de Walter Spalding pelo pesquisador Paulo Mena:   

"Os soldados deliraram de entusiasmo e as aclamações pareciam não terminar mais. Momentos depois, ali no Passo das Pedras, comemorava-se no meio da mais franca cordialidade, com um grande churrasco, a magna data. E não faltaram, também, os improvisos.

Violas e gaitas faziam-se ouvir nas notas da «Tirana....

Mas os versos eram outros: celebravam a data e celebravam o herói: 

Dia 12 de setembro

dia grato e soberano,

em que no Seival soou

o grito republicano! 

Na tarde do mesmo dia 12, enquanto os soldados se distraiam pelo acampamento, reuniram-se os oficiais e comandantes na barraca do coronel Neto, já promovido a general por aclamação unânime de seus companheiros e comandados, para se deliberar definitivamente sobre os sucessos do dia. Dessa reunião e do que nela se tratou foi lavrada a seguinte Ata:

Bravos companheiros da 1ª Brigada de Cavalaria!

 Ontem obtivestes o mais completo triunfo sobre os escravos da Corte do Rio de Janeiro, a qual, invejosa das vantagens locais de nossa província, faz derramar sem piedade o sangue de nossos compatriotas, para deste modo fazê-la presa de suas vistas ambiciosas. Miseráveis! Todas as vezes que seus vis satélites se têm apresentado diante das forças livres, têm sucumbido, sem que este fatal desengano os faça desistir de seus planos infernais. São sem número as injustiças feitas pelo Governo. Seu despotismo é o mais atroz. E sofreremos calados tanta infâmia? Não, nossos companheiros, os rio-grandenses, estão dispostos, como nós, a não sofrer por mais tempo a prepotência de um governo tirânico, arbitrário e cruel, como o atual. Em todos os ângulos da província não soa outro eco que o de independência, república, liberdade ou morte. Este eco, majestoso, que tão constantemente repetis, como uma parte deste solo de homens livres, me faz declarar que proclamemos a nossa independência provincial, para o que nos dão bastante direito nossos trabalhos pela liberdade, e o triunfo que ontem obtivemos, sobre esses miseráveis escravos do poder absoluto.

Camaradas! Nós que compomos a 1ª Brigada do Exército Liberal, devemos ser os primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica desligada das demais do Império, e forma um estado livre e independente, com o título de República Rio-grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará competentemente.

Campo dos Menezes, 11 de setembro de 1836 – Antônio de Sousa Neto, coronel-comandante da 1ª brigada.”

Então Neto, agora aclamado General, toma a palavra e proclama a república:

                 “Camaradas! Gritemos pela primeira vez: viva a República Rio-grandense! Viva a independência! Viva o exército republicano rio-grandense!”