Ontem fizemos uma postagem sobre o acidente ocorrido com a replica do barco Seival. Alguns leitores do blog queriam mais informações sobre a embarcação pois não sabiam da sua existência.
O barco foi construído após dois anos de trabalho com um custo total de cerca de R$ 600 mil. A construção é uma réplica do barco Seival, usado por Giuseppe Garibaldi (1807-1882) durante a Revolução Farroupilha (1835-1845). A iniciativa é um projeto ousado do professor Antônio Carlos Rodrigues.
Para reproduzir a embarcação de quase 200 anos atrás, o professor se baseou em documentos históricos, em plantas de embarcações de Laguna e em uma fotografia do Seival original tirada em 1908. A réplica pesa cerca de 15 toneladas e tem 15 m de comprimento, com largura de 3,8 m e altura de 3,2 m.
O novo Seival recebeu motor, característica, é claro, que o difere do barco original.
A embarcação começou a ser construída em dezembro de 2019, em um estaleiro improvisado na antiga sede dos bombeiros da cidade, e foi apresentada à população como parte das festividades de Natal em Camaquã, em evento realizado pela prefeitura no Complexo Poliesportivo Rui de Castro Netto, mais conhecido por Prainha.
Camaquã foi escolhida pelo professor, que é natural de Passo Fundo, porque textos históricos apontam que foi lá que os farrapos construíram o Seival e outro barco usado na tomada de Laguna, o Farroupilha.
"A ideia desse projeto tem 5 anos. Fizemos sem apoio institucional, do poder público ou de grandes empresas, eu que coloco a mão na massa. Faço pesquisa, busco materiais, pego nas ferramentas, tudo com apoio da família e de amigos", conta o professor.
Rodrigues contou com doações de amigos e familiares, além de um aporte vindo da Associação Garibaldina de Roma, na Itália. Para centralizar todos os interessados em ajudar na ideia, o professor criou a Associação Sócio-Ambiental Amigos do Seival (Asas).
Chamado à época de "lanchão", o barco Seival original é central em uma das passagens mais importantes da Revolução Farroupilha. Como o porto de Rio Grande estava fechado pelos imperialistas, os farrapos decidiram transportar duas embarcações - o Seival e o Farroupilha - por terra, com a ajuda de grandes carroças de madeira puxadas por centenas de bois entre Camaquã e Tramandaí.
A partir da Lagoa Tomás José, na altura de Imbé, os dois barcos passaram a navegar até Laguna. O Farroupilha naufragou, deixando 16 integrantes mortos, enquanto o Seival, sob comando de Giuseppe Garibaldi, chegou ao seu destino - em episódio que culminou com a tomada da cidade catarinense pelas forças farrapas.
Tive a honra de, a convite do Irmão Moisés Corrêa Nunes, participar pela primeira vez em que o barco navegou a toda vela, no dia 9 de julho de 2022. O trajeto foi de Porto Alegre a Barra do Ribeiro, com viagem de três horas e respectivo retorno já na boca da noite.