A PARTICIPAÇÃO DA MULHER
NA TRADIÇÃO GAÚCHA
Muitas pessoas intitulam a tradição gaúcha como machista. Talvez fundamentada em suas origens bélicas guarnecendo fronteiras e de guerras internas, o gaúcho, um homem de galpão e de lides campeiras, preferiu deixar a prenda aos cuidados dos afazeres domésticos.
Mas isso mudou.
Na seara do Movimento Tradicionalista, por exemplo, antigamente não se cogitava mulheres nas administrações das entidades. De alguns tempos para cá já vimos, inclusive, diretorias de Centros de Tradições compostas apenas por mulheres. O próprio MTG já teve recentemente duas presidentas.
Quanto a participação da mulher nos rodeios crioulos, aconteceu um avanço estrondoso no segmento do tiro de laço. É impressionante a quantidade de prendas laçando (e bem). Virou uma coqueluche.
Na parte artística temos algumas variações. Na poesia elas seguem firmes tanto na arte declamatória quanto na criação dos poemas. Temos importantes escritoras com trabalhos lindos também na literatura. Nos festivais nativistas aconteceu um crescimento significativo das mulheres nos palcos na função de intérpretes. Ainda falta, com raras exceções, uma inserção maior como compositoras e como instrumentistas.
Na música galponeira ou de baile, parece que houve uma regressão. Antigamente tínhamos as famosas duplas como Zezinho e Julieta, Carlos Cirne e Sonia Mara, De Lima e Leninha, Nelson e Jeanete e, a mais conhecida de todas, Teixeirinha e Mary Terezinha. Nos tempos atuais alguns poucos conjuntos formados por mulheres tentam com muita dificuldade construir o seu caminho.
O importante de tudo isso é que a mulher tem participado intensamente na preservação da cultura regional gaúcha, deixando de lado aquela imagem antiga de "apenas" cuidar do rancho.
E não esqueçam: O 8 de março é somente um marco, uma data significativa de reflexão e de homenagens porque os 365 dias do ano são das mulheres.