O FOGO APAGOU
Depois de mais de 200
anos aceso, o tradicional Fogo de Chão em São Sepé é extinto.
A decisão dos proprietários foi no dia 8 de janeiro desse ano, quando a última tora de madeira foi colocada até se apagar.
''Foi uma decisão difícil, muito doloroso para a família, mas decidimos, no dia 8 de janeiro de 2025, dia em que completei 60 anos, apagar o fogo. Muitos fatores contribuíram para essa tomada de decisão. Nós estávamos também com dificuldades de conseguir lenha morta, e para conseguir essas toras, teríamos que derrubar árvores nativas. Isso nós não queremos, pois a nossa proposta é de preservação da natureza. Essa falta de lenha também pesou na nossa decisão", relatou a reportagem do Jornal do Garcia Online, Claudia Pires Portella, uma das filhas dos proprietários.
“Nós associamos à época que o galpão foi construído, que foi no inicio de 1800. Então, provavelmente, desde essa época que existe o fogo. Foram mais de 200 anos mantendo essa tradição. A nossa decisão de apagar o fogo foi muito pensada e vinha sendo construída com a minha família há alguns anos. Mas o mais importante é que a história vai ficar preservada. Vamos manter tudo igual no galpão e as pessoas vão poder continuar a nos visitar" disse Gilda Maria Faria Pires, proprietária da Fazenda Boqueirão na localidade de Vila Block, interior de São Sepé.
A chama que era alimentada por toras de madeira de lei, se tornou um símbolo da cultura gaúcha. Da Fazenda Boqueirão a Chama Crioula foi acesa no Fogo de Chão e distribuída para as Entidades Tradicionalistas de todo o Estado na Semana Farroupilha.
O tradicional Fogo de Chão também se cruzou com a Tocha Olímpica: O símbolo máximo da Rio-2016 passou pela Fazenda Boqueirão. O encontro das duas tradições foi promovido pela condutora Luiza Pires Portella, da sétima geração da família Simões Pires, um fato histórico para os sepeenses e para a cultura gaúcha.
Reportagem: Luís Garcia.
Fotos: Divulgação,
Reprodução e Prefeitura Municipal.
Nota do blog: O fogo de chão simboliza a união, a prosa, a ronda alta, o mate de mão em mão, o aquecer de corpo e alma. Esperamos que esta tradição sulina não morra pelos galpões do Rio Grande.