RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

sábado, 17 de agosto de 2024


ACENDIMENTO DA CHAMA CRIOULA  


Chama Crioula foi acesa por volta de 22h desta sexta-feira, 
com participação do ex-BBB Matteus.

Renan Vilaverde / Divulgação

 

A 75ª Geração e Distribuição da Chama Crioula ocorreu na noite desta sexta-feira (16) e marcou o início dos Festejos Farroupilhas 2024. Com o tema "Pampa Uma Pátria Sem Fronteiras", a cerimônia foi realizada em Alegrete, na Fronteira Oeste.

O evento seguirá até domingo (18), com simpósios, shows musicais e churrasco, no Parque de Exposições Lauro Dornelles. Não há cobrança de ingresso.

A programação do acendimento foi precedida por um espetáculo teatral. A Chama Crioula foi acesa por volta de 22h, com a presença do ex-BBB Matteus Amaral, da Presidente do MTG Ilva Goulart, ambos naturais do Alegrete, além de diversas autoridades. 

A partir de hoje este simbolismo do gaúcha percorrerá, a lombo de cavalo, regiões tradicionalistas de todo o Estado.  


A ORIGEM DA CHAMA CRIOULA

 

Para compreendermos a origem e o significado da Chama Crioula, precisamos voltar no tempo e identificar a trajetória e a função pedagógica do fogo simbólico na formação do imaginário nacional visando à construção de uma identidade cultural regional, materializada através do fogo simbólico e da Chama Crioula.

Quando falamos em “símbolos”, no Brasil, muito se deve à influência da maçonaria e da Liga de Defesa Nacional. Na verdade, podemos afirmar que, se não fosse a LDN, não teríamos Chama Crioula nem fogo simbólico.

A LDN foi criada por Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, o nosso Olavo Bilac, nascido no Rio de Janeiro em 16 de dezembro de 1865. Ele foi jornalista, poeta e um dos criadores da Academia Brasileira de Letras, responsável, também, pelo surgimento da Liga de Defesa Nacional, em 7 de setembro de 1916, com a finalidade de desenvolver o espírito cívico de todos os brasileiros.

A ideia do fogo simbólico para o Brasil, de forma concreta, veio da Alemanha, em 1936, por ocasião, dos Jogos Olímpicos de Berlim, que, inspirados nos gregos, usaram a força do simbolismo da tocha olímpica como uma maneira de unificar o povo alemão e desenvolver um forte sentimento nacionalista. Esta ideia também foi usada por Getúlio Vargas (1930-1945) “para legitimar uma cultura nacional”.

No Rio Grande do Sul, a corrida do fogo simbólico foi resultado da apropriação e representação de elementos históricos e culturais adquiridos durante os jogos de Berlim, pois lá estavam os gaúchos Túlio de Rose, Ernesto Capelli, João Carlos Daudt e Humberto Sachs, observando a cerimônia e a participação do povo em torno do fogo simbólico. Túlio de Rose ficou impressionado com a força que a tocha proporcionava à população.

Dizia Túlio: “Era como se ela pudesse abençoar e proteger aquele povo, que demonstrava uma grande paixão pelo seu país” (Revista Globo, 1939, p. 66). Ao retornar, decidiu organizar uma corrida com a tocha cívica, com o apoio da Liga de Defesa Nacional. A primeira Corrida do Fogo Simbólico no Brasil foi realizada em 1938, por Túlio de Rose. Teve como ponto de partida a Igreja Matriz de Viamão, com a chegada da pira da pátria no Parque Farroupilha, em Porto Alegre. No segundo ano de sua realização, a corrida partiu da igreja no centro da cidade de Rio Pardo, chegando a Porto Alegre.

Em 1947, o Rio Grande do Sul, por meio do Grupo dos Oito, ampliou o significado do fogo simbólico e eternizou o feito de Túlio de Rose transformando a tocha em candeeiro e o fogo simbólico em Chama Crioula.

O gesto heroico de Ciro Martins, Paixão Côrtes e seus companheiros, naquele 20 de setembro, além do translado dos restos mortais do farroupilha David Canabarro, de Santana do Livramento para Porto Alegre, teve ligação, também, com Pistoia, na Itália, de onde veio uma centelha em homenagem aos pracinhas brasileiros que morreram na II Grande Guerra.

Fonte: site Tropeiros 21