ACENDIMENTO DA CHAMA CRIOULA
Renan Vilaverde /
Divulgação
A 75ª Geração e
Distribuição da Chama Crioula ocorreu na noite desta sexta-feira (16) e marcou
o início dos Festejos Farroupilhas 2024. Com o tema "Pampa Uma Pátria Sem
Fronteiras", a cerimônia foi realizada em Alegrete, na Fronteira Oeste.
O evento seguirá até
domingo (18), com simpósios, shows musicais e churrasco, no Parque de
Exposições Lauro Dornelles. Não há cobrança de ingresso.
A programação do acendimento foi precedida por um espetáculo teatral. A Chama Crioula foi acesa por volta de 22h, com a presença do ex-BBB Matteus Amaral, da Presidente do MTG Ilva Goulart, ambos naturais do Alegrete, além de diversas autoridades.
A partir de hoje este simbolismo do gaúcha percorrerá, a lombo de cavalo, regiões tradicionalistas de todo o Estado.
A
ORIGEM DA CHAMA CRIOULA
Para compreendermos a
origem e o significado da Chama Crioula, precisamos voltar no tempo e
identificar a trajetória e a função pedagógica do fogo simbólico na formação do
imaginário nacional visando à construção de uma identidade cultural regional,
materializada através do fogo simbólico e da Chama Crioula.
Quando falamos em
“símbolos”, no Brasil, muito se deve à influência da maçonaria e da Liga de
Defesa Nacional. Na verdade, podemos afirmar que, se não fosse a LDN, não
teríamos Chama Crioula nem fogo simbólico.
A LDN foi criada por
Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac, o nosso Olavo Bilac, nascido no Rio de
Janeiro em 16 de dezembro de 1865. Ele foi jornalista, poeta e um dos criadores
da Academia Brasileira de Letras, responsável, também, pelo surgimento da Liga
de Defesa Nacional, em 7 de setembro de 1916, com a finalidade de desenvolver o
espírito cívico de todos os brasileiros.
A ideia do fogo
simbólico para o Brasil, de forma concreta, veio da Alemanha, em 1936, por
ocasião, dos Jogos Olímpicos de Berlim, que, inspirados nos gregos, usaram a
força do simbolismo da tocha olímpica como uma maneira de unificar o povo
alemão e desenvolver um forte sentimento nacionalista. Esta ideia também foi
usada por Getúlio Vargas (1930-1945) “para legitimar uma cultura nacional”.
No Rio Grande do Sul, a
corrida do fogo simbólico foi resultado da apropriação e representação de
elementos históricos e culturais adquiridos durante os jogos de Berlim, pois lá
estavam os gaúchos Túlio de Rose, Ernesto Capelli, João Carlos Daudt e Humberto
Sachs, observando a cerimônia e a participação do povo em torno do fogo
simbólico. Túlio de Rose ficou impressionado com a força que a tocha
proporcionava à população.
Dizia Túlio: “Era como
se ela pudesse abençoar e proteger aquele povo, que demonstrava uma grande
paixão pelo seu país” (Revista Globo, 1939, p. 66). Ao retornar, decidiu
organizar uma corrida com a tocha cívica, com o apoio da Liga de Defesa
Nacional. A primeira Corrida do Fogo Simbólico no Brasil foi realizada em 1938,
por Túlio de Rose. Teve como ponto de partida a Igreja Matriz de Viamão, com a
chegada da pira da pátria no Parque Farroupilha, em Porto Alegre. No segundo
ano de sua realização, a corrida partiu da igreja no centro da cidade de Rio
Pardo, chegando a Porto Alegre.
Em 1947, o Rio Grande
do Sul, por meio do Grupo dos Oito, ampliou o significado do fogo simbólico e
eternizou o feito de Túlio de Rose transformando a tocha em candeeiro e o fogo
simbólico em Chama Crioula.
O gesto heroico de Ciro
Martins, Paixão Côrtes e seus companheiros, naquele 20 de setembro, além do
translado dos restos mortais do farroupilha David Canabarro, de Santana do
Livramento para Porto Alegre, teve ligação, também, com Pistoia, na Itália, de
onde veio uma centelha em homenagem aos pracinhas brasileiros que morreram na
II Grande Guerra.
Fonte: site Tropeiros
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