RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

sábado, 20 de julho de 2024

 

O REPENTISTA NORDESTINO



Tenho muitos amigos que não gostam da arte trovadoresca. Dizem que os improvisos atuais são previsíveis pois quando começam o primeiro verso tu já sabe como a trova vai findar. Faltaria a criatividade de um Gildo de Freitas, de um Pedro Ribeiro da Luz, de um Luiz Muller, de um Gato Preto....

Em contraponto, estes amigos elogiam os repentistas nordestinos. 

Particularmente discordo num ponto e concordo em outro: 

Acho que ainda temos grandes valores na trova aqui no Rio Grande do Sul. Falta é um incentivo maior a este segmento cultural. 

No ponto que concordo é quanto aos improvisadores nordestinos. Talvez por seu palavreado diferenciado, de seus costumes próprios, a gente fica na expectativa de seus versos. 

Vejam, por exemplo, a criatividade destas trovas nordestinas:         


Tema: Sombra

A sombra que me acompanha

não é a que me socorre.

Se eu andar ela anda,

se eu correr ela corre

e é mais feliz que eu

não adoece nem morre.


Tema: Sombra

O juazeiro é uma planta

que resiste a terra enxuta

a fruta não vale nada

e a madeira é torta e bruta

mas a bondade da sombra

tira a ruindade da fruta.


Tema: Natureza

Tudo o que o homem estudou

pra natureza foi pouco

ele não faz um coqueiro

e se fizer fica louco

pensando no encanamento 

pra botar água no coco.