FEITO O CARRETO, PORQUINHA.
O Dener Valle (Porquinha) é uma rica pessoa, gente boa umas quantas vezes. Há
tempos me pediu uma letra que falasse da serra. Por diversos motivos eu
ando meio sem inspiração para compor mas não poderia deixar na mão um rapaz que
é a continuação da musicalidade galponeira e do trabalho do meu querido e
saudoso amigo Porca Véia.
Então, tá feito o carreto. Agora é contigo, Porquinha.
SOU DA SERRA
Letra: Léo Ribeiro
Esse jeito que trago
comigo
meio quieto, chapéu
desabado,
são resquícios de um
sistema antigo
lá da serra onde eu fui
criado.
Quando aperto a mão
d’um amigo
ele sabe quem tá do seu
lado
sou parceiro pra festa
ou perigo
e pra lida num campo
dobrado.
Sou curtido de frio e
minuano
um palinha é o meu
companheiro
a bombacha feitio de
dois panos,
tirador num estilo
campeiro.
Nas bailantas sou índio
vaqueano
não me atiro a um olhar
caborteiro
e agradeço a Deus
soberano
por me dar esse dom de
gaiteiro.
Minha terra eu trago no
peito
e a cordeona retrecha o
que faço
sou da serra e não mudo
o meu jeito
que aprendi com o Pai
do Gaitaço.
O respeito eu não
frouxo por nada
quando digo que vou eu
não falho
minha escola foram as
madrugadas
c´os antigos ao pé de
um borralho.
Nossa vida é planta
orvalhada
que o tempo trançou os
seus galhos
por ser jovem conheço
as estradas
mas o velho conhece os
atalhos.
A cadeira num palco é o
meu posto
coisa linda alegrar um
salão
um sorriso estampado no
rosto
e formiga nos dedos da
mão.
Essa sina eu reponto
por gosto
não me agrada essa tal
solidão
pr’um farrancho tô
sempre disposto
sem jamais esquecer do
meu chão.