RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

sábado, 22 de junho de 2024

 

FEITO O CARRETO, PORQUINHA.



O Dener Valle (Porquinha) é uma rica pessoa, gente boa umas quantas vezes. Há tempos me pediu uma letra que falasse da serra. Por diversos motivos eu ando meio sem inspiração para compor mas não poderia deixar na mão um rapaz que é a continuação da musicalidade galponeira e do trabalho do meu querido e saudoso amigo Porca Véia. 

Então, tá feito o carreto. Agora é contigo, Porquinha. 


SOU DA SERRA

Letra: Léo Ribeiro

 

Esse jeito que trago comigo

meio quieto, chapéu desabado,

são resquícios de um sistema antigo

lá da serra onde eu fui criado.

Quando aperto a mão d’um amigo

ele sabe quem tá do seu lado

sou parceiro pra festa ou perigo

e pra lida num campo dobrado. 

 

Sou curtido de frio e minuano

um palinha é o meu companheiro

a bombacha feitio de dois panos,

tirador num estilo campeiro.

Nas bailantas sou índio vaqueano 

não me atiro a um olhar caborteiro

e agradeço a Deus soberano 

por me dar esse dom de gaiteiro.

 

Minha terra eu trago no peito

e a cordeona retrecha o que faço

sou da serra e não mudo o meu jeito

que aprendi com o Pai do Gaitaço.

 

O respeito eu não frouxo por nada

quando digo que vou eu não falho

minha escola foram as madrugadas

c´os antigos ao pé de um borralho.

Nossa vida é planta orvalhada

que o tempo trançou os seus galhos

por ser jovem conheço as estradas

mas o velho conhece os atalhos.

 

A cadeira num palco é o meu posto

coisa linda alegrar um salão

um sorriso estampado no rosto

e formiga nos dedos da mão.

Essa sina eu reponto por gosto

não me agrada essa tal solidão

pr’um farrancho tô sempre disposto

sem jamais esquecer do meu chão.