Houve um tempo neste Rio Grande velho em que um gaúcho do interior que se atrevesse a vir para a capital tendo por vestimenta a bombacha, da maneira normal que andava em sua cidade, era motivo de chacotas. Tinha que trazer uma "muda" de roupa mais urbana e, na estação rodoviária, trocar a bombacha pela calça-corrida para não ser alvo de risos pelas ruas de Porto Alegre.
Graças ao visionário João Carlos D'Avila Paixão Côrtes, e ao seu Grupo dos Oito, que valorizaram nossa cultura oriunda do gaúcho pastoril, esse história mudou. Nossos costumes passaram a ser vistos com naturalidade e o preconceito para com nossas tradições mudaram ao ponto das pessoas sentirem-se orgulhosas de portarem uma bombacha pelas alamedas, parques e shoppings da capital.
Como já escrevi aqui diversas vezes nós fundamos uma Loja Maçônica aonde trabalhamos o ano todo pilchados. Nossas Sessões ocorrem nas terças-feiras. Após a reunião aonde mesclamos a Arte Real (Maçonaria) com nossas tradições, costumamos jantar no restaurante Fontana, ali perto do Pronto Socorro. Pois quando chega aquele bando de gaúchos pilchados os frequentadores do lugar nem sequer viram o rosto para saber que porteira foi aberta para surgir tantos gaudérios. É como se nem existíssemos. Que coisa boa.
Por esse motivo que digo: Por "culpa" do Paixão viramos pessoas "normais" em meio ao maior centro urbano da nossa querência Rio Grande do Sul.
