RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

segunda-feira, 4 de julho de 2022

A DIFÍCIL MISSÃO DE AVALIAR

 

Léo Ribeiro, Adriana Braun e Pedro Junior da Fontoura
Avaliadores do 7º Esteio da Poesia 


Após a realização do 7º Esteio da Poesia reafirmo o quanto é rica nossa arte poética no Rio Grande do Sul. A renovação de valores acontece de forma surpreendente e centenas de poetas, amadrinhadores e declamadores brotam aos sete ventos, principalmente dentro dos Centros de Tradições, órgãos irradiadores desta seara cultural. Basta analisar as categorias Mirim e Juvenil que concorreram.  

Que não morra jamais nossos festivais de poesia. 

Ao mesmo tempo, digo o quanto é complicado ser avaliador destes festivais. A gente conhece todos participantes do segmento e judia demais quando alguém não vai bem ou não é premiado. Na verdade meia dúzia fica contente com os prêmios recebidos e centenas desgostam do resultado. 

O autor confia no seu trabalho, acha que ele é o melhor, e se decepciona se o seu objetivo não for alcançado. Já o avaliador, tem que pegar-se em detalhes, em técnicas que o grande público não nota. 

E cada avaliador tem suas preferências quanto ao estilo poético (que bom que seja assim). Há debates e o consenso é a melhor saída. Alguns trabalhos que eram de minha preferência não entraram dentre as 10 concorrentes do 7º Esteio da Poesia Gaúcha, mas isto faz parte.   

Hoje em dia existe uma tendência evolutiva de não se fazer mais poemas rimados e metrificados. Por conta disto muitos estão confundindo poema com narrativas. Percebi entre os concorrentes que mandaram seus trabalhos dezenas de "causos com frases cortadas", ou seja, sem preocupação com métricas ou com rimas. Vão discorrendo sobre o assunto e, para o "verso" não ficar muito comprido, atoram no meio. A poesia está presente? Sim. Mas poesia pode estar presente numa pintura, numa foto... 

Aureliano e Apparício faziam versos lindíssimos, sem rimas ou métricas, sem que os mesmos fossem confundidos com narrativas rebuscadas e recheadas com palavras difíceis para impressionar jurados.

Quanto a mim, respeito todos as faces da escrita mas sou da velha cepa crioula e me agrada um verso bem rimado, metrificado a contento, que um cantador possa chegar com seu violão a tiracolo e meter uma melodia em riba.

Outra coisa que nunca ficou bem explicado.

Por vezes acontece do declamador errar ou esquecer o poema que defende e, mesmo assim, o trabalho for premiado. Ocorre que existem três avaliações. O Melhor Poema, o Melhor Declamador e o Melhor Amadrinhador. Se o declamador comprometer sua apresentação, a poesia, a letra, o texto, continuam intactos. "Ele", recitador, não será premiado mas o trabalho poético não deve ser prejudicado.  

Mas que não é fácil julgar arte, comparar poesias, ah, isto não é.