Na semana passada, no Conselho Estadual de Cultura, relatei um projeto que buscava aprovação na Lei de Incentivo a Cultura intitulado BAILE DE RAMADA. Fiquei um tanto preocupado quando tal proposição caiu para minha relatoria pois, normalmente, não é muito fácil convencer alguns conselheiros de que a tradição gaúcha merece o mesmo olhar que outros segmentos culturais.
Tive a intuição de começar minha defesa do projeto explicando aos demais membros o que seria um Baile de Ramada. Total, ninguém, ali, é obrigado a saber dos nossos costumes. Resumo. O projeto foi aprovado com a nota mais alta na Avaliação Coletiva do mês de junho.
Neste fim de semana eu fiquei matutando o quanto nossa tradição é desconhecida, ou mal repassada, em face de que tudo está praticamente focado em danças, principalmente de invernadas.
Hoje em dia se fala muito em integrar na grade escolar dos municípios e do estado uma cadeira sobre a tradição gaúcha. Acho que seria interessante, desde que tudo não se resumisse a coreografia do pezinho.
Os Centros de Tradições tem uma biblioteca? O responsável cultural transmite nossos costumes, nossa história com autenticidade para além das candidatas aos concursos de prendas? Se perguntarmos a uma criança ou a um adolescente que frequentam essas entidades o que é um mangrulho, uma cambona, um canzil, uma culatra, um boi-corneta, o significado da palavra gaúcho, a origem da bombacha... eles saberão nos responder?
Eu penso que, antes de cada aula de dança, o instrutor deveria reunir as invernadas e explanar, por 10 minutos que fosse, uma instrução teórica sobre a formação de nosso povo.
Não é preciso nascer no campo e nem ter vivenciado a Revolução Farroupilha para saber de nosso campeirismo ou de nossas guerras, mas é necessário, isto sim, a leitura, o repasse de conhecimento. Isso é tradição. E, neste ponto, falhamos redondamente.