RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

sábado, 28 de maio de 2022

OS BONS ESTÃO SE INDO

 



Não vou, aqui, me reportar a pessoa do David Coimbra, pois não o conhecia pessoalmente. Por sua personalidade forte e contundente presume-se que angariou alguma antipatia. Mas eu gosto de pessoas assim (fortes e contundentes). Já os chamados "baba-ovo" não fazem o meu feitio. 

Quero expressar minha admiração é pelo escritor e, principalmente, pelo colunista. Ele era diferenciado. 

Quando Paulo Santana morreu (brigado com David) eu pensei que perderia o hábito de começar a ler o jornal Zero Hora pela penúltima página. Pois o David Coimbra me fez retornar a este antigo costume. 

Ele saia do lugar comum, da mesmice, da banalidade e o pior é que a maioria dos jornalistas que nos restam não traduzem aquilo que sentimos, aquilo que pensamos, aquilo que teríamos vontade de botar no papel. Em seus textos sobrava inteligência, ironia fina, poder de síntese, algo raro no jornalismo de agora que se destaca mais pela polêmica, pelo agito banal. Se negava fogo em alguma coluna, o que é comum para quem escreve periodicamente, "lavada a égua" nas matérias seguintes. 

Sobre sua morte, a ZH publicou o seguinte: 

Um dos mais celebrados jornalistas do Rio Grande do Sul, que soube combinar em crônicas antológicas e na vida cotidiana a paixão pelo futebol e pela cultura, pelos amigos e pela boa polêmica sem jamais deixar de lado o bom-humor, David Coimbra morreu na manhã desta sexta-feira (27), na Capital, após quase uma década de batalha contra o câncer.  Depois de uma cirurgia para extirpar o órgão e de tentar tratamentos que não surtiram o efeito desejado no Brasil, rumou para os Estados Unidos com o objetivo de dar sequência à luta contra a doença.

Em seu exílio temporário, desde Boston, seguiu escrevendo textos para o jornal Zero Hora e GZH e participando de programas na Rádio Gaúcha, como o então recém-lançado Timeline, sem jamais abandonar o estilo ao mesmo tempo leve e contundente.

Nascido em Porto Alegre, com 60 anos recém-completados, o jornalista do Grupo RBS começou a enfrentar problemas de saúde em 2013 ao ser diagnosticado com um tumor em estágio avançado no rim esquerdo. Após sentir dores no peito, descobriu ainda que a doença já havia se espalhado silenciosamente por meio de metástases ósseas para outras três partes do corpo.

Uma boa jornada nestes caminhos de luz