Circula pela internet um vídeo aonde o gaiteiro Edson Dutra, de Os Serranos, em um baile na cidade de Mutum, Mato Grosso, faz um discurso inflamado pró direita.
Quem conhece o líder deste que é um dos maiores grupos de baile de todos os tempos sabe de sua posição política, a qual nunca escondeu de ninguém, sendo, inclusive, candidato a deputado.
Ocorre que o músico Everson Maré, ex-integrante do conjunto, fez um forte contraponto nas redes sociais.
Abaixo sua manifestação, na íntegra:
Eu tinha tanto orgulho de ter sido integrante dos
Serranos...
Sim, eu tinha, isso mudou após ver o líder do grupo em um
palco dando um discurso incoerente em minha opinião..... com uma bandeira do Brasil
no painel de led no fundo do palco e com luzes verdes e amarelas projetadas no
palco e no salão.
Nada tenho contra a bandeira de nosso país e suas cores, mas
tenho muito contra a incoerência praticada usando as cores e símbolos da
Pátria.
Entendo que palco é local de trabalho, não é lugar de
manifestação política.
No discurso, o líder do grupo, pronunciou algumas incoerências
como:
"Jamais eu vou me entregar pra comunista"
Ora, o Brasil nunca teve, não tem e nunca terá comunismo. O
que tem aqui é ESCRAVISMO, EGOÍSMO, EGOCENTRISMO, ACHISMO...
"Aqui tem sangue farroupilha"
Pois é, vindo de alguém que estava usando lenço branco
imperialista e que usou lenço branco a vida inteira. O sangue farroupilha é
maragato, não é imperialista.
"Seja homem,
não seja escravo"
Os negros escravizados não eram homens? Os lanceiros negros
traídos e dizimados em batalha não eram homens?
"Se não quiser ficar aqui neste país verde e amarelo,
tem Venezuela para ir"
Não, eu não vou para
lugar nenhum, tenho orgulho do meu país. Só não tenho orgulho é da incoerência!
Me sinto triste, me sinto envergonhado...
Logo eu que tinha tanto orgulho de ter sido integrante....
Agora vocês calculem (e multipliquem) os impropérios que brotaram, em forma de comentários, sobre estes dois posicionamentos. Virou uma briga de foice no escuro.
Estou citando este exemplo apenas para justificar o por quê de não postarmos matérias de cunho político-partidárias neste espaço. Não tem condições. O radicalismo chegou a tal ponto que é impossível dialogar, ouvir, se manifestar, sem ofender o lado contrário.
Quanto ao acontecido eu penso o seguinte:
Edson Dutra é proprietário do grupo e sabe dos riscos que corre ao se posicionar dessa forma, principalmente num palco aonde no salão, com certeza, existem pessoas com pensamento político diverso do seu. Queira ou não, envolve o nome e a história do conjunto.
Por sua vez Everson Maré, cuja manifestação também respeito, citou 4 vezes a palavra "incoerente". Não acho que o Edson Dutra tenha sido incoerente. Ele falou o que pensa e, certo ou errado, o que defende. Incoerência seria falar uma coisa e agir de forma contrária.
E ainda cabe uma revisão histórica citada por Maré e por outros que compartilharam o seu escrito.
Na Revolução Farroupilha não existia cor de lenço identificando lados opostos (lenço branco imperialista). As cores dos lenços brancos (pica-paus) e vermelhos (Maragatos) aconteceu na Revolução Federalista de 1893 e na Revolução de 1923 com os Chimangos aderindo ao lenço branco. Os imperialistas da Revolução Farroupilha eram identificados por seus uniformes. Não usavam lenços.
Quanto as manifestações, deixamos que cada um tire suas conclusões. Total, não estamos em um país democrático?
Em tempo: Agora se sabe que a reação de Edson Dutra foi em função de um participante do baile que o provocava politicamente, com claros sinais de embriaguez.
Realmente, a vida de músico é complicada.