RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sábado, 29 de janeiro de 2022

O BEM SE FAZ EM SILÊNCIO?

 

Nas gélidas madrugadas de Porto Alegre. Eu e o João Rebello
nos idos tempos de 2007/2008/2009...


Sinceramente a resposta para a pergunta/título da postagem é difícil de responder. 

Entre os meados e o final da década de 2010, ou seja há mais de 12 anos, um grupo de amigos do Piquete Fraternidade Gaúcha, da Maçonaria, nas madrugadas portoalegrense, no rigor do inverno, saíamos para distribuir chocolate quente e sanduiche aos moradores de rua. Visitávamos três pontos da cidade. Na Ipiranga, em frente a Excelsior Pneus; na Gerônimo Coelho, no cento da capital, e na antiga viação férrea, perto da rodoviária. 

Todos os sábados (dia de ficar no catre um pouco mais), por vezes batendo água, em riba das 5h, o Giovani Sousa, o João Alberto Rebello e seu filho Carlos, o Sanábria, e eu, as vezes recebendo o apoio do Paulo Cremer e do Valmir Mendonça, atendíamos em torno de cem pessoas. 

Cada ser humano deitado na calçada fria, cobrindo-se com um papelão, tinha uma história de vida. Só como exemplo, ali na viação, em nossa última recorrida, tinha o Alemão, um paranaense, líder daquele grupo pois organizava a fila, ajudava a distribuir os alimentos e só depois sentava-se para comer o seu quinhão. Era um colono, trabalhador, mas teve esposa e filho atropelados na beira da estrada. Desnorteado, saiu vagando e veio bater aqui. E aquele senhor de idade que primeiro alimentava seu cão e depois, se sobresse, comia. E aquela vozinha que os filhos roubaram seu cartão de aposentadoria. E aquele... vamos voltar a pergunta da postagem.

Eu tinha as fotos destas jornadas e nunca as publiquei justamente por pensar desta maneira, ou seja, o bem se faz em silêncio. Agora, no meu aniversário, o Giovani me relembrou destes feitos e resolvi postá-las ao lado de alguns questionamentos:   

Aquelas pessoas que doam sangue e tiram fotos. Não seria um chamamento para que outros repitam esse gesto bonito e humanitário?

E aquelas personalidades que fazem, gratuitamente, propagandas preventivas contra alguma enfermidade. Quantas e quantas pessoas não se curam por atender tal chamado!? 

E as autoridades, artistas, jogadores famosos que registram seu momento de vacina. Não estão dando um bom exemplo, evitando mortes?  

Não fosse a divulgação hoje eu não conheceria a existência dos Cozinheiros do Bem, ou outras tantas entidades filantrópicas que merecem nosso reconhecimento e apoio. 

Claro que em meio a isto há os que desejam tirar proveito político, pessoal, ou apenas aparecer. Conheço pessoas que, nas Cavalgadas do Bem, botam suas pilchas domingueiras, toldam seus pingos e saem pelas ruas apenas com a intenção de tirar selfs e postar nas redes sociais. Mas esse tipo de gente tem em todos os lugares. 

Acho que minha resposta para tal questionamento é o seguinte:  

Quem faz o bem e o divulga com a intenção de multiplicar aquele ato, pratica algo louvável. Contudo, aquele que usa tal instrumento como promoção pessoal, age de forma mesquinha.

Hay que saber separar o joio do trigo.  


Giovani (ao fundo), eu (ao centro) e o Sanábria (a direita da foto)
Piquete Fraternidade Gaúcha literalmente agindo tal qual seu nome