Um deslizamento de terra
em Ouro Preto, na região Central de Minas, soterrou dois casarões históricos (foto) na
manhã desta quinta (13/1). Um dos imóveis era patrimônio histórico do
município.
O poeta Carlos Drummond de Andrade em 1951 escreveu:
Morte das Casas de Ouro
Preto
[Carlos Drummond de
Andrade]
Sobre o tempo, sobre a taipa,
a chuva escorre. As paredes
que
viram morrer os homens,
que
viram fugir o ouro,
que
viram finar-se o reino,
que
viram, reviram, viram,
já
não veem. Também morrem.
Assim
plantadas no outeiro,
menos
rudes que orgulhosas
na
sua pobreza branca,
azul
e rosa e zarcão,
ai,
pareciam eternas!
Não
eram. E cai a chuva
sobre
rótula e portão.
Vai-se
a rótula crivando
como
a renda consumida
de
um vestido funerário.
E
ruindo se vai a porta.
Só
a chuva monorrítmica
sobre
a noite, sobre a história
goteja.
Morrem as casas.
Morrem,
severas. É tempo
de
fatigar-se a matéria
por
muito servir ao homem,
e
de o barro dissolver-se.
Nem
parecia, na serra,
que
as coisas sempre cambiam
de si, em si. Hoje, vão-se.