RETRATO DA SEMANA

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Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

CACO VELHO

 

Com estes versos do Padre Pedro Luis, o Gênio do Pampa, desejo a toda parceirada que acompanha este blog uma bela semana, tapada de paz e luz.  





Eu sou filho da era antiga,

pura cepa e guasca honrado

se ofendido armava briga,

pros meus pais dava louvado.

Não aceitava baderna

de algum filho malcriado

educado à la moderna.

 

Caco velho? Eu sou tronco

rijo e são de guajuvira.

Me respeitam quando ronco

no bochincho que regira

pois eu sou da velha estampa

e o tourito que se atira

eu derrubo pela guampa.

 

Moço de hoje é sem retovo,

usa cincha na virilha,

laça só terneiro novo,

na rodada tastavilha.

Acha o prato sempre feito,

não caminha mais que milha,

pro trabalho não tem jeito.

 

Pingo bravo o descogota,

na peleia é mau parceiro,

se é feijão, peru arrota.

Quando ingere algum tempero

em seguida sempre rosna:

- Vó, me atende, vem ligeiro!

- Mãe, me traz um chá de losna!


Toma mate em pau torneado,

ri até do bom porongo,

usa creme e vive ansiado

quando zune pernilongo. 

Pra tomar um gole é esquivo

de cachaça - trago longo - 

só licor de aperitivo.  

 

Sim. Me acham, nestes dias,

Caco Velho pasmacento

mas eu trago fidalguia

e me sobram fundamentos.

Sim. Eu sou um Caco Velho,

minha barba é um documento

e o meu verso, um evangelho.