RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

REPONTANDO DATAS / 14 DE DEZEMBRO

 TRATADO DE PAZ DE PEDRAS ALTAS


Momento da assinatura do Tratado de Paz de Pedras Altas, que pôs fim a Revolução de 1923, com o representante do governo federal, General Setembrino de Carvalho (a esquerda da foto) e o Dr. Assis Brasil (primeiro a direita).


Tratado de Paz de Pedras Altas ocorreu em 14 de dezembro de 1923 selando a paz entre Chimangos e Maragatos, uma guerra política e sangrenta de irmãos contra irmãos (gaúchos). Por iniciativa do governo federal, realizaram-se negociações comandadas pelo ministro da Guerra, general Setembrino de Carvalho, com a participação do senador João Lyra, representante do Congresso e o representante dos revolucionários, Dr. Assis Brasil.

O tratado ocorreu no famoso castelo de Pedras Altas, residência do líder maragato Assis Brasil. Pela assinatura, Borges de Medeiros pôde permanecer até o final do mandato em 1928, mas a Constituição de 1891 foi reformada. Impediu-se o instituto das reeleições, a indicação de intendentes (prefeitos) e do vice-presidente do Estado.

O acordo foi importante para o Rio Grande do Sul. O sucessor de Borges no governo gaúcho foi Getúlio Vargas. Em 1930, a frente única rio-grandense, sob sua liderança, assume o governo do país.

LOCAL HISTÓRICO SOFRE COM O ABANDONO


 
Palco da Revolução de 1923, castelo de Pedras Altas foi posto à venda 



Mesmo tombada pelo Estado, construção que sofre com o total abandono  foi posta a venda e ofertada ao poder público antes de ser anunciada. Por enquanto, não há resposta sobre a aquisição

O valor do possível negócio não é revelado pela família, mas há uma especulação no setor imobiliário de que possa chegar a R$ 12 milhões.

Neste local foi assinado um acordo que pôs fim à Revolução de 1923 entre Chimangos e Maragatos. É um castelo imponente, estilo medieval, de 44 cômodos com 300 hectares, que parece deslocado da singela cidade onde se situa.

Fica em Pedras Altas, no sul do Estado, um município de quase 3 mil habitantes, onde só se chega depois de 30 quilômetros de estrada de chão batido, a principal avenida não tem mais de dois quilômetros e a economia gira ao redor do campo.

A fortaleza foi finalizada em 1913 em um tempo em que uma ferrovia — hoje desativada — deslocava a produção agropecuária para as outras partes do Estado. Ali foram introduzidas no país raças como o gado Jersey, o gado Devon e a ovelha Karakul.

O fundador, Joaquim Francisco de Assis Brasil, foi tão importante para o agronegócio que atualmente é homenageado em todas as edições da Expointer, pois é do nome dele que vem o batizado de onde acontece a feira: Parque de Exposições Assis Brasil.

O gaúcho de São Gabriel era apaixonado pela segunda mulher, Lydia, uma moça europeia. Então, ele planejou o castelo inspirado no seu antigo lar para fazê-la sentir-se em casa. Usou granito rosa e trouxe três espanhóis para trabalhar as pedras e encaixá-las sem uso de argamassa.

Ergueu um império onde 10 crianças e seis empregados viviam baseados na concepção de mundo que tinha: o campo aliado à intelectualidade. Depois de mexer com a terra, faziam saraus, atividades culturais e se debruçavam em literatura em inglês, francês, latim e português em uma biblioteca com 9 mil exemplares, projetada de maneira que o sol entrasse e as obras não mofassem.

As relíquias — entre elas 22 volumes da Enciclopédia, de Diderot e D'Alambert, de 1751 — estão agora à venda, junto com os móveis de madeira maciça importados de Paris. Todo o conjunto, de mobília, prédios e granja, é tombado pelo Estado e está em processo de tombamento nacional. Por isso, quando os donos atuais decidiram vender, pela lei, primeiro o imóvel teve de ser oferecido aos governos municipal e estadual e à União. Só depois de 30 dias, caso não seja demonstrado interesse governamental, poderá ser ofertado à iniciativa privada.

O lugar por onde Assis Brasil fez literatura e política precisa de um restauro avaliado em mais de R$ 5 milhões. Já na fachada, percebem-se as marcas do tempo. Há infiltrações, janelas enferrujadas e pelo menos 12 casas de camotins (que são parecidas com as casas de João-de-Barro). Nem os animais ficaram por lá, pois as casas estão abandonadas.