No dia 11 de novembro o Brasil ganhou um novo
Patrimônio Cultural. É o Repente (nordestino).
Mais que uma tradição,
essa manifestação cultural é uma referência para a identidade da região
Nordeste. A arte que mistura música e improviso foi reconhecida, nesta
quinta-feira, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, durante a reunião
do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Este colegiado é vinculado ao
Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O diretor do
Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Tassos Lycurgo, afirma que este
reconhecimento é muito mais do que um título.
Os primeiros registros
históricos do repente são por volta de 1850, nos estados de Pernambuco e
Paraíba.
O pedido de reconhecimento
do repente como patrimônio foi feito em 2013 pela Associação dos Cantadores
Repentistas e Escritores Populares do Distrito Federal e Entorno. O processo é
longo, porque o Iphan precisa descrever detalhadamente o bem que pode se tornar
patrimônio, reunir toda a documentação possível e fazer o registro audiovisual.
Isso tudo forma um dossiê que, para o registro do repente, foi produzido em
parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília.
Além de ser uma
manifestação cultural tipicamente nordestina, Tassos Lycurgo ressaltou que o
reconhecimento do repente como patrimônio vai muito além dos limites do
Nordeste. O repente influencia outras regiões do pais.
Em alguns lugares, o
repente também é chamado de cantoria. E tem três fundamentos misturados: o
verso, a rima e a fala. De acordo com o dossiê do registro, pelo menos 200
artistas e associações pelo país mantêm viva essa tradição. Entre eles, a dupla
Caju e Castanha, que popularizou o repente em shows por todo o país.
Além de conceder ao
repente o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, o Conselho
Consultivo também revalidou os títulos de Patrimônio Cultural do Círio de
Nazaré, no Pará; do modo artesanal de fazer queijo minas, de Minas Gerais; e do
modo de fazer renda irlandesa, de Sergipe.
Publicado
por Victor Ribeiro - Repórter da Rádio Nacional - Brasília, com produção de
Michelle Moreira
Edição:
Sheily Noleto / Beatriz Arcoverde
E a nossa trova,
uma das formas de repente mais bonitas que existe?
Lendo a reportagem
acima e olhando, no jornal do almoço de ontem, o Desafio Farroupilha promovido pela RBSTV que contempla os
trovadores mirins, fato que merece todos os elogios pois é uma forma de
revitalizar nossa tradicional trova e incentivar que tal seguimento de arte não
morra, fico pensando porque aqui no garrão do país tudo é mais difícil.
Por que não se luta por
tal reconhecimento, também, por nossa forma de improviso? Por que não incluí-la
no mesmo projeto aprovado? Que fim levou nossa Associação de Trovadores Luiz
Müller? Por onde andam nosso políticos gaúchos na hora de valorizar a nossa
cultura?
Mil perguntas e nenhuma
resposta.
E ainda temos que ler na
justificativa do projeto que o repente é uma "manifestação cultural
tipicamente nordestina".
Gildo de Freitas deve
ter se virado no túmulo.