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sábado, 30 de outubro de 2021

DEFINIÇÃO DE PAYADOR

 

NOS VERSOS DO SAUDOSO POETA 

BALBINO MARQUES DA ROCHA 




A alma do Payador

nasce da terra sem trato,

é o verso rude e barato

de um pobre frente ao rigor.

É uma mensagem de amor

do poeta bruto, sem prática, 

sem pontuação nem gramática,

sem norma, poesia crua.

É o rastreio do charrua

sobre um trilho de capincho. 

É o arrepio de um relincho

ao puma que mostra o vulto

no ramalhar da folhagem...

É a mística pabulagem 

da arenga dum índio inculto.

É o berro no descampado,

é um galho velho acordado,

é o sereno respingado. 

É a neblina da manhã

no toso de uma tropilha....

na copa da coronilha

do tronco do tarumã. 


Não confundam Payador

com poeta de gabinete...

Um faz métrica pensada,

é gado manso em aguada,

é freio em vez de bocal.

Outro trança no momento

e reponta o pensamento

formando o verso bagual !

O Payador é o peão

que sai pro campo sozinho.

Se leva, leva um cusquinho

pras horas de precisão...

O outro sai escoltado,

é o dono bem aperado

num cavalo de patrão. 

Um traz o peito sereno

já sabe o fim da canção,

outro a cabeça é um vulcão,

estica a ideia e a rima

tinindo de corda prima

na carcaça do violão.