RETRATO DA SEMANA

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MTC Desenhos

domingo, 7 de março de 2021

A "TRIBO" DE CADA UM

 

Hay os gaúchos gaudérios que preferem andejar solitos. Não gostam de ajuntamentos. Na solidão dos galpões ou dos varzedos dos campos é que sentem-se a vontade. Na prosa com Deus, com os cuscos, com os passarinhos, dispensam a vida povoeira. 

Contudo, tem aqueles que procuram viver em grupos identificados, ou seja, as chamadas "tribos". Pessoas que gostam de determinados divertimentos, de administrarem o tradicionalismo ou apenas "curtirem" em conjunto o que os nossos costumes de bom nos oferecem.  



A Tribo dos Tradicionalistas: São aquelas pessoas normalmente vinculadas ao Movimento Tradicionalista Gaúcho e preocupadas em zelar pelos regramentos desta entidade. São oriundos de grupos menores (CTGs). Suas vestes são unificadas e tipificadas pelas "Diretrizes das Pilchas" com lenços grandes, bombachas largas, casacos e botas discretas.  



A Tribo das Cavalgadas: É composta por pessoas que gostam deste envolvimento de natureza e animais. Revivem, em suas andanças, o tempo das tropeadas. A amizade e o companheirismo é um dos principais elementos desta tribo (da qual eu faço parte). Acima, os Cavaleiros da Neve, de São Francisco de Paula. Normalmente são pessoas que usam o lombo do cavalo para fugir do estresse diário.   


 

A Tribo das Invernadas: É composta, em sua maioria, por gente jovem (embora tenhamos algumas invernadas "Xirus") e são consideradas a "Alma" de um Centro de Tradições. Nos dias de hoje, em face da importância dos concursos, o profissionalismo e o grupo de danças caminham lado a lado. Se por um lado é bom, por outro torna as disputas um tanto acirradas.



A Tribo dos Laçadores: Talvez seja a tribo que mais cresceu. São inúmeros os rodeios crioulos que proliferam pelo Estado muito em virtude dos valores das premiações. O antigo laço de couro cru transformou-se em um laço fino e chumbado. Nos dias atuais o número de mulheres laçando também impressiona. O Rodeio Internacional de Vacaria é o ícone destes eventos. 



A Tribo dos Dançadores: São aquelas pessoas que andejam de baile em baile na busca, simplesmente, de divertimento através da dança. Conhecem todos os conjuntos, as músicas, os outros dançadores, e são felizes desta maneira. Muitos não tiveram a vivência galponeira e aprenderam seus passos nos cursos de danças de salão, como do flagrante acima.



A Tribo dos Improvisadores (trovadores e pajadores): Se reúnem em associação, se encontram em festivais do gênero, e tem em comum esta característica, ou seja, o dom de fazer verso de improviso. São os herdeiros de Jayme Caetano Braun e Gildo de Freitas. Em seu benefício, hay diversos eventos próprios para expressar sua arte que, na verdade, deveria ser mais valorizada. 



A Tribo dos Poetas, Declamadores e Amadrinhadores: É aquela voltada para o agrupamento de pessoas com inclinação para a arte da poesia. Encontram abrigo para manifestação de seu telurismo em diversos festivais pelo Estado, além de entidades cinquentenárias como a Estância da Poesia Crioula, a Academia Xucra do Rio Grande.  
   



A Tribo dos Grupos de Fandango: É aquela composta de músicos, compositores, profissionais encarregados de levar alegria aos dançantes através da musicalidade galponeira. São dezenas, centenas de conjuntos que através da sonoridade campeira (ou mais urbana) todos os fins de semana entreveram os pares nos salões do Rio Grande e do Brasil. Com o advento da pandemia é um dos setores mais afetados em face da proibição de aglomerações. 
     



A Tribo dos Domadores: São aqueles índios que ganham os "cobres" saracoteando no lombo xucro dos aporreados pelos rodeios do Rio Grande, Uruguai e Argentina. Para estes grupos chamados de ginetes, 8 segundos (tempo limite) é uma eternidade e quanto mais corcoveador o animal mais chance de levar seu prêmio que, não raro, pode ser um automóvel. Hoje está em pauta se a gineteada é um esporte ou é cultura. 



A Tribo dos Festivaleiros: Tem sua origem nos longínquos pagos de Uruguaiana com a criação da Califórnia da Canção Nativa. De lá para cá a tribo dos nativistas cresceu revelando grandes nomes para a musicalidade do Rio Grande do Sul. Na época áurea chegamos a ter quase cem festivais por ano. Hoje em dia, em virtude da Covid, os festivais são virtuais mas esperamos que tudo volte ao normal para vivenciar grandes eventos festivaleios.  



A Tribo dos Criadores: São aqueles gaúchos voltados para as lides campeiras, especialmente para a criação de eqüinos e mais especificamente os cavalos crioulos. São facilmente encontrados e identificados em remates, leilões, exposições, principalmente onde tiver uma disputa tipo Freio de Ouro.  

Então, meu amigo. Qual é sua tribo?