ATEMPORAL
(Adão Quevedo)
Esta
cuia, atemporal,
que
foi do pai e do avô,
cruzou
o tempo carnal
e
além das cruzes ficou.
Sagrado
bem de família
herdado
por relicário,
valor
que não tem partilha...
Não
cabe nos inventários
Num
ronco de arremate
na
concha de cada mão,
a
saudade toma mate
na
roda de chimarrão.
Em
cada elo de vida
num
ciclo que se renova,
bebo
a minha cepa antiga
com
gosto de erva nova.
Em
repetidas heranças,
hoje
gasta ainda te guardo,
pra
te deixar de lembrança
pro
meu filho, num amargo.