Esquecer, esquecer
mesmo, é muito forte.
Talvez chegue, enfim,
um tempo em que eu não lembre que é seu aniversário. Em que eu não sinta o
desejo de comprar um presente de Natal pra você. Em que eu não pense nem uma
única vez que eu adoraria lhe mostrar o poema bonito que li. Dividir o
chocolate que ganhei. Contar a novidade boa. Falar do vinho que descobri outro
dia. Saber como você está.
Talvez chegue, enfim,
um tempo em que eu não tenha nem um fiozinho de esperança de que você apareça.
Um friozinho na barriga num encontro repentino. Uma pontinha de saudade dos
seus olhos sorrindo pros meus.
Talvez chegue, enfim,
um tempo em que eu fique indiferente ao ouvir o seu nome. Em que eu deixe de
experimentar uma vontade menina de passar em frente à sua casa para tentar ver
você de longe. Em que eu deixe de sentir esse sentimento que parece que não
acaba mais.
Talvez.
Esquecer, não.
Ana Jácomo