Serra do Pinto, aberta em 1943
Quando alguém me
adjetiva de poeta eu sempre digo que TODOS NÓS temos um "que" de versejador. O
que falta é colocar no papel os pensamentos.
Pois agora chega em
minhas mãos um poema escrito em 1943, feito por um homem humilde, morador da
velha e legendária Aratinga, lugar onde passei minha infância, o saudoso Beto Laurindo,
que tomava seguidamente seus tragos (e vez em quando peleava) na bodega de meu pai.
Ele foi um dos tantos
que ajudaram na abertura da Serra do Pinto, hoje a conhecida Rota do Sol, e descreveu em versos esta aventura de abrir picada no mato fechado, serra abaixo.
O poema está em sua
autenticidade, sem correções ortográficas.
RODEIO
DOS MACACOS
Romance
sobre a abertura da Serra do Pinto em agosto de 1943 - por Beto Laurindo.
A
dizesete de agosto
o
rigoroso trabalho
trabalho
amarrado
que
deste tombo não caio
avemo
abrir a serra
se
não over atrapaio
esse
simples capataz
passará
o rio dos Carvaio.
Primeira
curva barata
segunda
o maitá
temo
a curva do pinto
temo
muito pra cortá
curva
do Duca Mengue
esta
não pode ficá
tem
a curva do Teixeira
e
pedra de arrebentá.
Tem
a curva da lagoa
esta
é da tambezera
a
curva do Calisto
esta
é muita pedreira
curva
rodeo taquara
curva
do João Liveira
curva
rodeu dos macaco
numa
enorme cachoeira.
Tem
a curva do Ponpeo
esta
não tinha limite
para
fazer esta curva
foi
mil e tanto namite
dia
sete o chefe vem
tivemos
o bom palpite
quem
sabia disto tudo
foi
o Redozinho Vite.
Saimo
na serra velha
com
toda satisfação
esperando
nosso chefe
passando
de caminhão
dia
sete de setembro
dia
de nossa pachão
os
chefe de São Francisco
nesta
mesma ocasião.
Saimo
na estrada velha
e
viremo a direção
vamo
para os macaco
vamo
ver a carniação
tem
um boi e tres carnero
e
mais umas criação
o
valo com trinta metros
para
esta asação
foi
uma mesa bonita
para
quem deu atenção.
Festa
na Serra do Pinto
entre
tantas freguesias
povo
de treis municípios
encluzive
treis Forquilhas
e
todos trabalhadores
que
tinham na companhia.
Também
foram os alunos
na
frente do barracão
na
ora do churrasco
para
sua refeição
ali
churrasquiaro
todos
numa união
foi
uma mesa bonita
para
esta começão.
Os
coitados dos turmeros
do
tempo da exploração
do
ano quarenta e treis
a
serra na cavação
até
sete de setembro
passamo
de caminhão
doze
curva pra passar
São
Francisco a Conceição.
poesia original