É muito prático e
confortável dizer que existe dois tipos de música, a boa e a ruim. Isto é óbvio
e depende do gosto de cada um. Eu, por exemplo, não gosto de funk, rap, pagode,
sertanejo universitário... Contudo, dizer que a música, mesmo sendo universal
não tem seu berço e que este nascedouro não influencia em ritmos, letristas e
compositores é mostrar um desconhecimento fora do comum. Será que vão defender
a tese de que o bairro portuário de Buenos Aires não teve influência sobre o tango argentino?
Trazendo isto para nossa
aldeia regional gaúcha a lógica é a mesma. Embora não sejam paridas no Estado, existe a música característica da
serra, das missões, do litoral, da fronteira. Isto se chama identidade musical ou "atavismo", isto é,
influência do solo sobre as pessoas que o habitam. Nada de anormal e esta regionalidade se
aplica no jeito de falar, na gastronomia, na indumentária.
Quando, ontem, escrevi que o festival Cante uma Canção em Vacaria, outrora
diversificado em sua musicalidade, neste ano de 2020 tem características fronteiriças
eu disse alguma inverdade?
Quando me referi que este
direcionamento não era culpa dos avaliadores e sim dos coordenadores que
formataram um júri homogênio em linha de pensamento eu disse alguma inverdade?
Quando eu disse que o Cante uma Canção em Vacaria perdeu seu rumo e que o palco
deste festival era um dos poucos aonde a música mais galponeira ainda tinha
vasa eu disse alguma inverdade?
O que não disse antes mas digo agora é que a arte (no caso a música fronteiriça, assim como a serrana, litorânea, missioneira....) não precisa ser enfiada goela abaixo. Ela é bonita por si só, tem seus valores imensuráveis e não carece deste apadrinhamento, paternalismo ou irmandade.
O que não disse antes mas digo agora é que a arte (no caso a música fronteiriça, assim como a serrana, litorânea, missioneira....) não precisa ser enfiada goela abaixo. Ela é bonita por si só, tem seus valores imensuráveis e não carece deste apadrinhamento, paternalismo ou irmandade.