Zeno Cardoso Nunes nasceu em São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, a 15 de agosto de 1917. Filho de Jorge Cardoso de Oliveira e de Maria Nunes de Oliveira. Foi agricultor, criador de gado, fiscal do ICMS, Jornalista Profissional e membro da Associação Rio-Grandense de Imprensa. Advogado, escritor, poeta, ensaísta e dicionarista.
Publicou “Versos”, 1942; “Briga de Touros”, 3ª ed., 1962/92; “Morcegos”, 1985; “O Gigante e o Pigmeu”, 1985; “Um Judas Insonte”, 1985; “Cadeira 27” da Academia Rio-Grandense de Letras, 2001; “Tempos Idos”, 2005; “Dicionário de Regionalismo do Rio Grande do Sul”, 1983/2003, em colaboração com Rui Cardoso Nunes, 10ª ed.; “Minidicionário Guasca”, em Colaboração com Rui Cardoso Nunes, 8ª ed.; “Tentos e Loncas”, 1983, em colaboração com Rui Cardoso Nunes e José Hilário Retamozo.
Foi presidente da Estância da Poesia Crioula e do Movimento Tradicionalista Gaúcho, bem como membro da Academia Rio-grandense de Letras.
Publicou “Versos”, 1942; “Briga de Touros”, 3ª ed., 1962/92; “Morcegos”, 1985; “O Gigante e o Pigmeu”, 1985; “Um Judas Insonte”, 1985; “Cadeira 27” da Academia Rio-Grandense de Letras, 2001; “Tempos Idos”, 2005; “Dicionário de Regionalismo do Rio Grande do Sul”, 1983/2003, em colaboração com Rui Cardoso Nunes, 10ª ed.; “Minidicionário Guasca”, em Colaboração com Rui Cardoso Nunes, 8ª ed.; “Tentos e Loncas”, 1983, em colaboração com Rui Cardoso Nunes e José Hilário Retamozo.
Foi presidente da Estância da Poesia Crioula e do Movimento Tradicionalista Gaúcho, bem como membro da Academia Rio-grandense de Letras.
Foram-lhe concedidos 18 prêmios literários, entre os quais o “Ilha de Laytano” da Fundação “Ilha de Laytano”, e “Érico Veríssimo”, da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Eu tive a honra de compartilhar um livro com os irmãos Cardoso Nunes, intitulado Três Poetas Serranos (capa acima).
Eu tive a honra de compartilhar um livro com os irmãos Cardoso Nunes, intitulado Três Poetas Serranos (capa acima).
Seu poema mais conhecido é Briga de Touros que faz uma analogia das invasões estrangeiras em nosso solo pátrio.
BRIGA DE TOUROS
BRIGA DE TOUROS
A
chuva de verão passou. Veio a estiada.
O
sol, a pino. A terra, inda molhada.
Um
Zebu está esperando no rodeio
outro
touro, um crioulo guapo e feio
que
sempre fora o dono da invernada,
e
a passo largo vem se aproximando,
e
vem cavando terra, e vem berrando
tão
grosso que parece trovoada!
Encontram-se
e pelejam com denodo,
pondo
em agitação o gado todo.
As
aspas do Zebu, velozes como raio,
riscam
do contendor o pelo baio
que
ao sol reluz e brilha,
enquanto
os cascos de ambos, como arados,
sulcam
os pelos verdes e molhados
do
lombo da coxilha!
No
ardor da luta entesam os pescoços,
enrijecendo
os músculos potentes
em
férrea contração!
Depois
vão se golpeando duramente,
com
orgulho de touro não vencido,
com
destreza de tigre enfurecido,
com
raiva e decisão!
Uma
hora eles passam nessa luta
de
esforços colossais,
mas,
envoltos na fúria do mormaço,
sentem
fraquear os músculos de aço,
lutar
nem podem mais.
Há
pairando no ar morno e pesado
um
forte cheiro de chifre queimado.
Os
dois touros, briosos e valentes,
são
iguais na coragem, no valor.
Mas
no entrechoque bárbaro das guampas
o
destemido filho aqui dos pampas
começa
a demonstrar que é superior.
O
Zebu bem conhece a luta bruta
lá
da Índia selvagem de onde veio,
mas
não pode vencer, por mais que o queira,
o
touro aqui da terra brasileira
que
o obriga a deixar o seu rodeio.
E
triste, machucado e abatido,
depois
de luta tão desesperada,
o
pobre touro, além de ser vencido,
inda
foi pelo outro perseguido
até
sair de dentro da invernada.
Dias
depois os corvos carniceiros,
voejando
por cima de um banhado,
indicavam
aos olhos dos campeiros
o
lugar onde estava, entre espinheiros,
a
carniça do touro derrotado.
O
seu corpo, que o sol acariciava,
parece
que tranqüilo descansava
do
combate fatal,
enquanto
em torno o gado, compungido,
cheirando
o chão, de um jeito comovido,
berrava
tristemente em funeral.
Dentre
aquela sentida orquestração
destacou-se
um mugido forte e grosso
que
reboou plangente no rincão:
Era
o berro do touro brasileiro
lamentando
o destino do estrangeiro
que
quisera ser dono do seu chão.