MORRE GARIBALDI
Num dia 01 de junho, do ano de 1882, morria na Itália Giuseppe Garibal, 40 anos após ter
deixado o Rio Grande do Sul aonde foi um dos heróis farroupilhas. 
No dia 01 de junho, de 1882, 40 anos depois de ter deixado o Rio Grande do Sul, morre, na Itália, Giuseppe Garibaldi, mentor e promotor do maior feito da Revolução Farroupilha, ou seja, a travessia dos lanchões que atacariam Laguna, através dos campos rio-grandenses.
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giuseppe Garibaldi - Herói de dois mundos 
No dia 01 de junho, de 1882, 40 anos depois de ter deixado o Rio Grande do Sul, morre, na Itália, Giuseppe Garibaldi, mentor e promotor do maior feito da Revolução Farroupilha, ou seja, a travessia dos lanchões que atacariam Laguna, através dos campos rio-grandenses.
Giuseppe Garibaldi nasceu em 04 de julho de 1807 em  Nice, que na época era parte do departamento francês dos Alpes  Marítimos. Foi batizado em 29 de julho de 1807, na igreja de San Martino di Acri e registrado como cidadão francês, com o nome de Joseph Marie  Garibaldi.
Giuseppe era o segundo de seis filhos: Angelo, seu irmão mais velho, foi cônsul nos Estados Unidos; Michele foi capitão na marinha; Felice  representante de uma companhia de navegação; Elisabetta e Maria Teresa  morreram ainda crianças: a primeira em um incêndio na enfermaria em que  se encontrava, a segunda de doença.
 
Não se conhece muito da infância de Garibaldi: aos oito anos teria salvo do afogamento uma lavadeira, o primeiro salvamento de uma série  constante na sua vida, de pelo menos doze. Em 1814, a casa dos Garibaldi foi demolida como parte da expansão do porto e a família se mudou. Seus pais queriam que fosse advogado, médico ou sacerdote, mas Garibaldi não gostava dos estudos, preferindo os exercícios físicos e a vida no mar,  ele mesmo contava que era mais amigo da diversão que do estudo.
Giuseppe Garibaldi passou dez anos de sua vida a bordo de navios  mercantes e com o tempo chegou a obter licença de capitão. Mas seus  desejos de aventura não permitiram que permanecesse na carreira dos  mares. Em abril de 1833, em Taganrog, na Rússia, enquanto comandava a  escuna Clorinda, levando um carregamento de laranjas, conheceu Giovanni  Battista Cuneo de Oneglia e entrou em contato com a sociedade secreta  Jovem Itália, sendo seduzido pelas ideias socialistas de Henri  Saint-Simon.
Garibaldi se uniu a sociedade secreta, jurando dedicar sua vida para  libertar sua terra natal do jugo estrangeiro. Em novembro de 1833,  encontrou-se com Mazzini, iniciando um relacionamento que mais tarde se  tornaria problemático. Juntou-se à Carbonária e em fevereiro de 1834  tomou parte da fracassada insurreição de Gênova, sendo condenado à morte por uma corte genovesa. Refugiou-se em Marselha e, em 1835, fugiu para a Tunísia, chegando depois ao Rio de Janeiro. Com 28 anos iniciava seu  primeiro exílio.
Garibaldi no Rio Grande do Sul 
Residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde foi membro da Congrega della Giovine Itália, fundada por Giuseppe Stefano Grondona. Foi também no  Rio de Janeiro conheceu Luigi Rossetti, com quem se juntou à Revolução  Farroupilha.
Também conheceu Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteve dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais.  Em 1° de setembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão-tenente,  comandante da marinha farroupilha. Rossetti e Garibaldi transformaram  seu pequeno barco comercial Mazzini em corsário a serviço da República  Rio-Grandense. No caminho para o sul, atacaram um navio austríaco, com  uma carga de café, e trocaram de navio com seus ocupantes, rebatizando a nova embarcação de Farroupilha. Enquanto Rossetti desembarcou no porto  de Maldonado, Garibaldi foi capturado pela polícia marítima uruguaia,  acabando preso na Argentina. Depois de algum tempo preso, tendo  inclusive sido torturado, conseguiu fugir e chegar ao Rio Grande do Sul.
Junto aos republicanos foi encarregado de criar um estaleiro, o que foi  feito junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves. Lá Garibaldi coordenou a  construção e o armamento de dois lanchões de guerra. Para participar da  empreitada marinheiros vieram de Montevidéu e outros foram recrutados  pelas redondezas.
Terminada a construção dos barcos, foram lançados à água os lanchões  Seival e Farroupilha. Porém acuados pela armada de John Grenfell, não  tiveram muito sucesso: capturaram alguns barcos de comércio  desprevenidos, em lagoas ou rios longe da armada imperial. Surgiu,  então, o plano de levar os barcos pela lagoa dos Patos até o rio  Capivari e, dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos  para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Os  farrapos, despistaram a armada imperial e conseguiram enveredar pelo  estreito do rio Capivari e passaram os barcos a terra em 5 de julho de  1839. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, com tempo feio,  chuvas e ventos, que tornavam o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e quatro grandes rodas, revestidas de couro cru. Piquetes  corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros cuidavam da  boiada.
Levaram seis dias até a lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguiram da lagoa Tomás José à barra do rio  Tramandaí, no oceano Atlântico, e, no dia 15, lançaram-se ao mar com uma tripulação mista de 70 homens. O Seival, de 12 toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o  Farroupilha, de 18 toneladas, comandado por Garibaldi - ambos armados  com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna". Por fim, a 14  de julho de 1839, os lanchões rumaram a Laguna para atacar a província  vizinha. Na costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma  tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se milagrosamente uns  poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.
Com a chegada da marinha farroupilha a Santa Catarina, unindo-se às  tropas do exército, sob o comando geral de David Canabarro, foi possível preparar o ataque a Laguna por terra e pela água. A marinha farroupilha entrou através da lagoa de Garopaba do Sul, passando pelo rio Tubarão, e atacou Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um  ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi  tomou um brigue e dois lanchões, enquanto somente o brigue-escuna Cometa conseguiu escapar para o mar.
O império então impôs um bloqueio naval que buscava estrangular a  república economicamente. Garibaldi ainda conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio, trocou tiros com o  brigue-escuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Alguns dias mais  tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro.
Pouco tempo depois, o império reagiu com força total, comandado pelo  general Francisco José de Sousa Soares de Andrea, comandante de armas de Santa Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra.  Enquanto isto, por mar, o almirante imperial Frederico Mariath, com uma  frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, iniciou a batalha  naval de Laguna. Garibaldi fundeou convenientemente seus cinco navios,  que se bateram contra os imperiais valentemente, mas sem chances de  vitória. Nos navios farroupilhas nenhum comandante ou oficial escapou  com vida. O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente, queimou seu  navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que  preparou a retirada de Laguna. Era o fim da marinha farroupilha.
Em Laguna, Garibaldi ainda conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro,  conhecida depois como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se  tornaria sua companheira de lutas na América do Sul e depois na Itália.
“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas,  mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros  mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas  fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa  sagrada das nações.   
Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por  mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e  gloriosa luta!”
 
 
 
 
 
 
 
 
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