Uma coisa que sempre
admirei na seleção uruguaia de futebol foi a garra, a dedicação com que se
entregam em campo. Honram a camisa celeste ao ponto de dar carrinho com a
cabeça com os dentes, literalmente,
cortando grama.
Além disto a imagem dos
jogadores do vizinho país tomando mate, fazendo um assado na concentração, me
levavam a constatação de que assim como os índios charruas, a tribo dos maiores
cavaleiros das Américas, que cruzavam fronteiras ao sopro do vento, vi que
minha alma também não tem divisas ao se tratar do povo uruguaio, uma raça de
gente sofrida, batalhadora, mas feliz. Achei que era sacrilégio pensar que sou
um uruguaio que fala português.
Não é que eu não goste
do Brasil, longe disto, mas sinto uma certa inveja da humildade mesclada com a
volúpia da gente que habita abaixo do Chuí. Me parece que nossos atletas
brasileiros, depois que enricam pelas bandas da Europa, vestem a camisa amarela
por obrigação, com desleixo, pouco se importando com a paixão do povo
brasileiro.
Será que não sou um
verdadeiro patriota? Não. Não é isso. Ao me deparar com os a coluna do jornalista David Coimbra na Zero
Hora de hoje, ajudei a formar minha convicção em relação a este sentimento.
Vejam um pouco do que
escreveu o colunista sob o título: E se o
Rio Grande e o Uruguai fossem um Pais?
"Talvez
eu devesse ser uruguaio. Talvez o Rio Grande do Sul e o Uruguai devessem ser um
só país. Nosso campeonato teria Grêmio, Inter, Nacional e Peñarol... Vitor
Ramil e o Jorge Drexler seriam nossos Chico & Caetano.... Eu, quando vejo a
seleção do Uruguai jogar, não sinto como se estivesse vendo um time estrangeiro.
A seleção do Uruguai é meio que minha... .Aquela entrega dramática dos
jogadores aquela sofreguidão na disputa da bola, aquele desespero pela vitória,
tudo isto mostra que eles estão ali por algo maior do que o dinheiro ou o
sucesso. Eles estão ali pelo Uruguai"
É isto aí!