Ontem, olhando o programa Fantástico, fiquei impressionado com uma reportagem que tratava da maneira que alguns letristas de música sertaneja trabalham. É de forma industrial, visando apenas o lucro.
Quatro compositores montaram uma "fábrica" de fazer letras. Eles tem uma meta de, no mínimo, seis composições por dia. Trabalham em dupla que é sorteada no par ou impar antes de começar a "jornada de composições". Identificação entre eles pouco importa. As letras que as duplas sorteadas escrevem, ao fim do dia, todos os quatro assinam como "parceiros".
Depois da meta atingida, levam o trabalho para o estúdio para arranjos e gravação final, depois repassam ao "intermediário" que faz o meio de campo com duplas famosas para a venda da "mercadoria". Se alguma das tantas letras for aceita pelos cantores e pelo povo, eles "lavam a égua". Passam o ano com o dinheiro de uma letra.
Aí entra o título da minha postagem. Talvez por isso eu continue pobre. Tenho mais de 300 letras gravadas, nunca vendi uma delas e nunca escrevi nada sob pressão, sem inspiração, sem passar para o papel o que minha alma sente. Meus amigos músicos me conhecem. Por vezes levo dias, semanas, para atender a um pedido deles e nunca empurrei letra goela abaixo de ninguém.
Também concluí, a partir da matéria do Fantástico, porque temos tanta porcaria fazendo sucesso por aí. Letras sem mensagens, sem poesia... Fazem um refrão pegajoso, repetido dezenas de vezes, com temas retratando desgraça amorosa.
Conclusão: Prefiro continuar pobre.