DOS FESTIVAIS DE POESIA
Sperandir acompanhou Guilherme Suman num bonito poema
As luzes das ribaltas
dos eventos poéticos que deveriam iluminar telurismo, lirismo e outros
"ismos", parece que anda em lusque-fusque por conta de novas
polêmicas.
Depois da Sesmaria de
Osório quando da entrada no palco do declamador dentro de um caixão, o que gerou
diversos contraditórios, a 5ª edição do Esteio da Poesia Gaúcha não ficou de
fora. O poeta Guilherme Suman, autor e intérprete de um bonito poema, declamou
de terno e isto feriu suscetibilidades na ala dos gaúchos mais tradicionais.
A poesia em questão
retrata o retorno a sua casa, vazia, desabitada, de um viúvo que acabara de
sepultar sua esposa. Um belo tema.
Guilherme Suman, em seu
perfil no facebook, numa postagem esclarecedora, educada e convincente, explicou sua intenção ao recitar
daquela forma. Já Thiago Suman foi mais incisivo ao defender seu irmão e postou
que "o Rio Grande do Sul seria um lugar legal. Se não tivesse
gaúcho.", ou seja, errou ao generalizar. Sou gaúcho e assim como tantos tenho
história, identidade e me orgulho disto.
Mal comparando,
Guilherme foi um zagueiro que limpou a jogada e ainda serviu ao seu atacante na
cara do gol. Já Thiago, foi seu parceiro de zaga que deu um "bago"
para onde o nariz estava apontando (os dois são colorados de cruz na testa,
ótimos professores, grandes vates e
mestres na interpretação).
De nossa parte não
vemos nada de alarmante no fato pois a forma de apresentação acresceu ao
recital que, também, não deixa de ser um ato cênico. Paixão Côrtes, o ícone do
gauchismo, foi sepultado de fatiota. Glaucus Saraiva, um dos fundadores do
Movimento, deu palestra sobre indumentária gaúcha num Congresso Tradicionalista
em Bagé, de roupa "safari". Em suma(n) - essa foi braba - o apego a
cultura gaúcha está na alma. Não depende de roupa nem de geografia.
Postagem de Guilherme
Suman em seu perfil no facebook
Alta
carga emocional em palco.
Ao
lado do mano @cjsperandir , defendi meu poema, O último Adeus, no 5º Esteio da
Poesia. Participei de sua primeira edição e agora retornei como finalista
depois de anos em uma das mais difíceis triagens pela qual já passei. Parabéns,
Djalma, pela tua entrega sempre e pelo festival acima da média que organizas.
Nessa trajetória festivaleira, na poesia,
sempre, ao lado do Thiago Suman, inspirado por outros amigos de movimento e
próprios ideais, pensei em propor diferente. Oxigenar, né, Pedro JR?
Meu baita parceiro e cúmplice da loucura.
Heehe, ou conciliar a declamação com a arte cênica em outras esferas, né,
Liliana? Minha amiga de sempre.
Desde cenário, figurino, trilha, planejo mais
do que a narrativa. Penso o personagem. Desde modulações para alcançar vozes
diferentes, como o thi realizou na Sesmaria (o mais importante festival do
gênero) e que, na ocasião, nos rendeu 2º melhores intérpretes e 3º melhor poema
até ousar aspectos físicos diferentes que concordem com o poema, Texto e
contexto, e não firam a atmosfera do evento.
Já fui um bêbado mal-amado, a morte, o
moribundo, Dom Quixote gaudério, general farrapo, o soldado com fé, o poeta.
Dessa feita, fui o viúvo. Chegando do velório e encontrando a casa vazia. Os
pertences dela. Lidando com esse peso, encarando o presente. Porque é preciso.
O poema afirma as vestes do luto. Cita as
peças da solene roupa de velar para ambientar. Nada mais justo do que usá-la no
palco. Mais apropriado, óbvio. O regulamento permitia inclusive. Em todas essas
"transgressões" que testamos, sem pretender reinventar a roda, houve
algum que outro prêmio, aceitação pública e crítica. Mas não faltou negativas
dos ditos "entendidos" , falas maliciosas de quem pouco faz, mas
muito fala, oposição dos ditos "tradicionais" .
A ideia é somar. Nunca dividir. Tentar outras
linguagens. Arte é isso. Se arriscar. Ousar. Criar. Mas viver próprias
verdades. Me sinto autêntico e justo assim.Dessa vez, um que outro não ACEITOU
o terno por ofender a pilcha, mas não leu o poema. E eu? Passarinho.
Seguiremos! Arte! Gracias, Cris e Esteio.
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