RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A POLÊMICA RETORNA AOS PALCOS


DOS FESTIVAIS DE POESIA
 
Sperandir acompanhou Guilherme Suman num bonito poema
 

As luzes das ribaltas dos eventos poéticos que deveriam iluminar telurismo, lirismo e outros "ismos", parece que anda em lusque-fusque por conta de novas polêmicas.
Depois da Sesmaria de Osório quando da entrada no palco do declamador dentro de um caixão, o que gerou diversos contraditórios, a 5ª edição do Esteio da Poesia Gaúcha não ficou de fora. O poeta Guilherme Suman, autor e intérprete de um bonito poema, declamou de terno e isto feriu suscetibilidades na ala dos gaúchos mais tradicionais.  
A poesia em questão retrata o retorno a sua casa, vazia, desabitada, de um viúvo que acabara de sepultar sua esposa. Um belo tema.  
Guilherme Suman, em seu perfil no facebook, numa postagem esclarecedora, educada  e convincente, explicou sua intenção ao recitar daquela forma. Já Thiago Suman foi mais incisivo ao defender seu irmão e postou que "o Rio Grande do Sul seria um lugar legal. Se não tivesse gaúcho.", ou seja, errou ao generalizar. Sou gaúcho e assim como tantos tenho história, identidade e me orgulho disto.
Mal comparando, Guilherme foi um zagueiro que limpou a jogada e ainda serviu ao seu atacante na cara do gol. Já Thiago, foi seu parceiro de zaga que deu um "bago" para onde o nariz estava apontando (os dois são colorados de cruz na testa, ótimos professores, grandes vates e  mestres na interpretação).
De nossa parte não vemos nada de alarmante no fato pois a forma de apresentação acresceu ao recital que, também, não deixa de ser um ato cênico. Paixão Côrtes, o ícone do gauchismo, foi sepultado de fatiota. Glaucus Saraiva, um dos fundadores do Movimento, deu palestra sobre indumentária gaúcha num Congresso Tradicionalista em Bagé, de roupa "safari". Em suma(n) - essa foi braba - o apego a cultura gaúcha está na alma. Não depende de roupa nem de geografia.
Postagem de Guilherme Suman em seu perfil no facebook
Alta carga emocional em palco.
Ao lado do mano @cjsperandir , defendi meu poema, O último Adeus, no 5º Esteio da Poesia. Participei de sua primeira edição e agora retornei como finalista depois de anos em uma das mais difíceis triagens pela qual já passei. Parabéns, Djalma, pela tua entrega sempre e pelo festival acima da média que organizas.
 Nessa trajetória festivaleira, na poesia, sempre, ao lado do Thiago Suman, inspirado por outros amigos de movimento e próprios ideais, pensei em propor diferente. Oxigenar, né, Pedro JR?
 Meu baita parceiro e cúmplice da loucura. Heehe, ou conciliar a declamação com a arte cênica em outras esferas, né, Liliana? Minha amiga de sempre.
 Desde cenário, figurino, trilha, planejo mais do que a narrativa. Penso o personagem. Desde modulações para alcançar vozes diferentes, como o thi realizou na Sesmaria (o mais importante festival do gênero) e que, na ocasião, nos rendeu 2º melhores intérpretes e 3º melhor poema até ousar aspectos físicos diferentes que concordem com o poema, Texto e contexto, e não firam a atmosfera do evento.
 Já fui um bêbado mal-amado, a morte, o moribundo, Dom Quixote gaudério, general farrapo, o soldado com fé, o poeta. Dessa feita, fui o viúvo. Chegando do velório e encontrando a casa vazia. Os pertences dela. Lidando com esse peso, encarando o presente. Porque é preciso.
 O poema afirma as vestes do luto. Cita as peças da solene roupa de velar para ambientar. Nada mais justo do que usá-la no palco. Mais apropriado, óbvio. O regulamento permitia inclusive. Em todas essas "transgressões" que testamos, sem pretender reinventar a roda, houve algum que outro prêmio, aceitação pública e crítica. Mas não faltou negativas dos ditos "entendidos" , falas maliciosas de quem pouco faz, mas muito fala, oposição dos ditos "tradicionais" .
 A ideia é somar. Nunca dividir. Tentar outras linguagens. Arte é isso. Se arriscar. Ousar. Criar. Mas viver próprias verdades. Me sinto autêntico e justo assim.Dessa vez, um que outro não ACEITOU o terno por ofender a pilcha, mas não leu o poema. E eu? Passarinho.
 Seguiremos! Arte! Gracias, Cris e Esteio. Avante