Me desculpem se hoje não sobrou muito tempo para o blog, mas foi por uma boa causa. Passamos (Lucas, Miriam e eu) o dia ali em Águas Claras, no Sítio Orelhano, dos meus primos Vera e Hélio. Proseamos muito, comemos uma carne de ovelha, respiramos o ar puro e alimentamos a bugiada que vem comer em nossas mãos. Os "Doutos do Ibama" vão dizer que não agimos corretamente. Que animal selvagem tem que procurar seu alimento na natureza. Pode ser, mas prefiro isso do que vê-los morrer de fome pelo desmatamento.
- Se não tenho medo da febre Amarela? Aqui vai um esclarecimento técnico.
Preocupado com as
recentes agressões a bugios no RS, o professor da Faculdade de Biociências da
PUCRS e especialista em Primatologia, Júlio César Bicca-Marques faz um alerta:
os macacos não transmitem o vírus da febre amarela. A disseminação da doença é
feita pelo mosquito fêmea. Por medo de contágio, moradores de regiões onde há
bugio-preto e bugio-ruivo muitas vezes agridem e até matam esses animais, o que
é crime ambiental e coloca em risco a saúde da população. “O bugio não é um
reservatório do vírus. O vírus não fica na corrente sanguínea do animal após o
curto período da doença, que dura, no máximo, cerca de 10 a 12 dias. Na maioria
dos casos, o bugio morre de febre amarela. Quando não morre, desenvolve
imunidade e o vírus não o prejudicará mais”, ressalta. Pelo contrário, o bugio
alerta onde é necessária uma campanha de vacinação devido a essa baixa
resistência à doença. “Sem eles, só saberíamos da existência de um surto da
doença quando pessoas começassem a morrer. E isso aumentaria o risco de
reurbanização da febre amarela”.
O macaco, assim como o
humano, é infectado pelo vírus através do mosquito. Os bugios vivem sobre as
árvores e evitam descer ao solo. Quando precisam descer em áreas descampadas,
raramente percorrem distâncias pelo chão maiores do que 200 metros. Além disso,
um animal infectado e com febre fica letárgico. Consequentemente, é impossível
que bugios infectados sejam responsáveis pela dispersão do vírus entre áreas de
floresta isoladas. “As pessoas, no entanto, podem ter um papel importante nessa
disseminação, seja facilitando a dispersão de ovos, larvas e mosquitos adultos,
seja como hospedeiras assintomáticas, carregando o vírus na corrente sanguínea,
sem nenhum sintoma, e transmitindo através dos mosquitos”, destaca Bicca-Marques.
Em 2009, o professor
lançou a campanha Proteja seu Anjo da Guarda, para esclarecer a população a
respeito do papel dos bugios como sentinela da circulação do vírus. Agora, com
as novas agressões aos macacos, ele retoma o projeto com colegas de outras
instituições do RS. A equipe criou um perfil no Facebook para conscientizar as
pessoas da importância de proteger o animal e de relatar às autoridades de
saúde se algum macaco for encontrado morto.