Quando eu era gurizote, que ouvi falar pela primeira vez em bomba atômica e dos seus estragos, dentro de minha ignorância eu pensava assim: - Quando explodirem uma destas novamente, eu me sumo lá para o interior das Contendas, lugar onde nasci. No meio do mato, naqueles peraus do Josaphá, elas não me alcançam...
Pois agora, depois de velho, me dá vontade de fazer o caminho de volta novamente. Mas não é por causa de nenhuma bomba atômica, embora estejamos nas mãos de dois governantes mundiais um mais louco do que o outro. O que me faz pensar pegar a estrada e me enfiar naquelas ribanceiras, longe de tudo e de todos, sem internet, a luz de vela e bebendo água de vertente, é sentir na pele a podridão que se tornou o País onde moro. É perceber gente que ajudou a afundar a Petrobrás querer beneficiar-se do movimento dos caminhoneiros, é ligar a televisão numa Rede tendenciosa, comprometida com todos os governos e ver numa mesa de negociação os Ministros Carlos Marun e Eliseu Padilha...
Te prepara, Contendas, porque mais cedo ou mais tarde desencilho pela última vez meu pingo por aí e vou findar meus dias num galpão tosco, ao lado do bicharedo.
