Não sei se acontece a mesma situação com vocês, meus amigos, mas, para mim, tudo na vida tem que ter um porque. O porque das guerras, da paz, do amor, do ódio...
Há tempos que eu não rabiscava uma letra. Achei que já havia escrito sobre tudo e não queria me repetir. Primo pela qualidade, ante a quantidade, ou seja, faltava motivação.
Pois na última sexta-feira, o Marco Aurélio Angeli, o meu amigo Zoreia, um dos homens mais campeiros que conheço, pediu-me que divulgasse em nosso blog sobre o Dia Estadual do Tropeirismo (20 de abril). A partir dai me dei conta que eu nunca havia escrito algo para ser musicado sobre tropas, tropeiros, ou algo semelhante.
Em questão de minutos me veio a motivação e escrevi, em homenagem a estes desbravadores terrunhos, a seguinte letra:
A
ÚLTIMA TROPA
Letra:
Léo Ribeiro
A
vida dobrou-se na curva da estrada
nem
tropas nem nada apontam por lá
barulhos
de cascos sumiram na poeira
da
lida tropeira nem sombras não há.
Aqui
era o pouso dos caminhos longos
enchiam
porongos pra matar a sede
deixando
recuerdos p'ros dias de agora
e
velhas esporas ornando paredes.
FICOU
DE LEMBRANÇA A PRETA CAMBONA
CHIANDO
CHORONA POR SOBRE O FOGÃO
NA
ÁGUA QUE AQUENTA, SAUDADE REBROTA
DOS
TEMPOS DE TROPA QUE LONGE SE VÃO.
Num
grito de "era", no som do cincerro,
bruaca
e cargueiro chegavam estufados,
desciam
com milho, arroz e feijão,
subiam
com canha, farinha e melado.
Restou
as histórias de um tempo tão rude
e
a triste quietude marcando o reduto.
Por
estes tropeiros, heróis do meu pago,
confesso
que trago minh'alma de luto.