Singela homenagem a dois ídolos:
O gaiteiro e cantador: GONZAGA DOS REIS
O Poeta e escritor: LÉO RIBEIRO DE SOUZA
William Hengen - Gaiteiro de Os Serranos (vídeo acima)
Num momento tenebroso pelo qual atravessamos onde a bipolaridade, o ranço e a intolerância são parceiros de nosso dia-a-dia, o grande gaiteiro do conjunto Os Serranos, William Hengen resgata e nos homenageia com música através deste bugio velho que eu nem me lembrava mais (lá se vão mais de 20 anos de sua gravação). Contudo, me parece que o tema é bem atual pois a preservação do bugio (primata e ritmo) ainda depende muito de gaiteiros como o Gonzaga dos Reis e do William Hengen, de uns metidos que rabiscam umas letras como eu e de pessoas preocupadas com a extinção do bicho que morre de fome pelos descampados rio-grandenses e ainda são "acusados" de transmitir doenças.
Mil gracias, meu amigo velho William Hengen. A musicalidade sulina também não perecerá jamais enquanto houver jovens de talento iguais a ti.
SOU O BUGIO
(Letra: Léo Ribeiro - Música: Gonzaga dos Reis)
(Letra: Léo Ribeiro - Música: Gonzaga dos Reis)
Quando
faltava um hino forte pra esse chão
e
as melodias eram só charachachá
brotei
dos dedos do Seu Virgílio Leitão
nas
cantorias das budegas do Juá.
Nas
pontessuelas dos cantores do meu pago
saí
do mato monarqueando pela serra
voz
de algodão quando se fala de afagos,
sons
de trovão se é retoço que me espera.
Sou bugio velho, capataz desse surungo
Venta rasgada com coceira nas virilhas
Meio à cabresto, mesmo assim ganhei o mundo
Mas tô de volta pra roncar nestas coxilhas.
Meio à cabresto, mesmo assim ganhei o mundo
Mas tô de volta pra roncar nestas coxilhas.
Na resistência peleando de mão
aberta
fui
contra-mestre das cantigas redomonas,
trançando
rimas no galpão, se a chuva aperta,
dando
"ôh de casa" no rufar de uma cordeona.
De
pago em pago lá se vai meu berro grosso
dando
alegria pra quem tá meio na mão
e
a gauchada chincha o lenço no pescoço
quando
meu ronco aparece num bailão.