Na tarde mormacenta de
domingo uma notícia vinda das bandas de São Lourenço do Sul "aquentou",
ainda mais, as redes sociais. Segundo informações a serem confirmadas o
glorioso e tradicional festival Reponte, identidade cultural desta linda cidade
a beira da lagoa, voltará em abril de 2018 (em 2017 ele não aconteceu) apenas
com a Linha Campeira. Em suma, ao cortar
a Linha de Manifestação Rio-grandense a organização do evento abriu um largo
campo de debates, sendo que a maioria dos manifestantes se posicionaram
contrários a ideia.
Pessoalmente, embora eu
faça versos para grupos de baile e artistas voltados para a seara mais terrunha,
sou contrário a divisão por linhas e penso que oportunizar novas manifestações sempre é salutar pois abre o leque da
criatividade. Gosto por demais de nossa música litorânea, por exemplo, e não
vejo muito campo de atuação para este tipo de composições, com exceção dos
festivais de Osório e Santo Antônio da Patrulha.
O que posso perceber em
tal ato da organização do Reponte foi o que já vi de forma menos radical em
dois grandes festivais onde fui jurado em 2017, O Canto Missioneiro, de Santo Ângelo
e a Tertúlia de Santa Maria. Nestes dois eventos se percebia por parte da
organização uma vontade de "retornar as raízes". Estas
"raízes" seriam a música mais campeira.
Na verdade, e agora
falo como apreciador de festivais, a maioria destes encontros musicais está
virado num ritmo só, ou seja, a milonga. Em Santa Maria tivemos mil e cem
concorrentes sendo que em torno de 900 eram milongas. Tu não vê mais um chotes,
uma valsa, uma rancheira, em festivais. Os próprios participantes dizem: - Para
ganhar tem que ser milonga. Sei que mudei a prosa para "ritmo" e
existem milhares de milongas bem campeiras, mas tal compasso mais dolente convida
a um tema reflexivo. Também sou contra o chotes, a vaneira, a valsa, o chamamé,
que não tenham mensagem alguma, que só descrevam fanfarronadas, pataquadas,
gavolices... O que temos que buscar é um casamento entre letra e música que agrade a todos.
O que não concordo é
com a fórmula que alguns "críticos musicais"
utilizaram nestes debates para defender suas ideias. Segundo estes entendidos a
organização quer que retorne a "grossura". Para tais pensadores o
campeirismo esta ligado a "grossura". É a velha tática de se defender atacando, tudo para justificar seu ponto de vista. É o radicalismo
político buscando espaço na musicalidade. Aí eu larguei de mão....