PARTE I
Egídio Tavares e Léo Ribeiro diante da sepultura de Baiano Candinho
Meu interesse por este
vulto um tanto desconhecido da história rio-grandense chamado Baiano Candinho
começou em tenra idade, lá pelos meus cinco, seis anos, quando, então morando
na localidade de Aratinga, último povoado antes de descer a Serra do Pinto (hoje a Rota do Sol), vez em quando, aos fins de semana, meu pai Bernardino Souza,
proprietário da linha Aratinga / São Francisco de Paula, reculutava o pessoal
do vilarejo e descia em excursão no seu ônibus apelidado de "caixa-de-fósforo"
até o litoral. Como eu tinha medo daquelas curvas sinuosas (até hoje tenho medo
de altura) meu pai dizia: - Tu tem que ter medo é do Baiano Candinho. Não
demora ele pula do meio do mato com seu bando....
Quer dizer que, após mais de meio século de sua morte, ele ainda servia para amedrontar
as crianças.
Passou-se os anos e já
um homem feito meu saudoso e inesquecível amigo Oly Medeiros, ao perceber meu
interesse por aqueles fatos, emprestou-me para xerocar o livro "Noite de
Reis", de autoria do ex-prefeito de Osório Fernandes Bastos, que hoje é
nome de avenida nesta cidade. Li três vezes esta obra. Soube, recentemente,
que os descendentes de Baiano Candinho detestavam o livro por ser tendencioso e
contar só o lado mau de seu parente.
No ano retrasado recebi
do meu grande amigo Nelson Blenhm, parceiro de cavalgadas e crioulo ali da
região das Três Forquilhas, o livro "E a vida continua - Coleção Memórias
da Figueira" de Elio Eugenio Müller. Este livro veio acompanhado da
seguinte dedicatória:
"Das
histórias do meu pago
eu represento um pouquinho
por isso trato o
assunto
com amor e com
carinho
e nesse verso
que faço
ao Léu Ribeiro
um abraço
do Bisneto do
Candinho
Eliseu Klein de
Oliveira - 25/09/2016"
Esta obra faz o contraponto de Noite de
Reis e relata o lado humano de Baiano Candinho.
Pois neste fim de semana meti os peito
n'água e fui conhecer, no seu ventre, um pouco mais sobre esta figura emblemática.
Com a ajuda dos amigos Vera Junqueira e Egídio Tavares, proprietários da Pousada
Pé da Serra, visitei o campo santo onde está enterrado Baiano Candinho chamado
de Cemitério dos Maragatos ou Cemitério dos Bandidos, bem ao lado de onde era a
sua moradia e aonde foi morto exatamente há 120 anos atrás, ou seja, na noite
de reis de 1898. As taipas do cemitério, contam, foram erguidas pelo próprio
Baiano.
Como minha esposa e eu chegamos um pouco
antes do horário combinado fui perguntar pelas voltas sobre a pessoa principal
deste causo. Notei que foram gentis com minha chegada mas tornaram-se ásperos
quando toquei no assunto que me levava até ali, num reflexo de que este "personagem", ainda agora, é um
caso de amor e ódio.
Após a visitação ao Cemitério quando
foram acendidas algumas velas nos dirigimos a bela propriedade da Vera e do
Egídio, na costa do Rio Carvalho para debatermos e ouvirmos relatos de
descendentes dos vizinhos deste baiano (cearense) que deixou marcas profundas por aqui.
Para não encompridar muito a prosa de
hoje, amanhã, em nosso blog, vamos contar, mesmo que resumidamente, quem foi
BAIANO CANDINHO.
uma boa prosa com interessados e conhecedores do tema
Baiano Candinho