diagnóstico foi realizado em março e divulgado ontem a tarde
foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS
Domingo a noite estive no aeroporto Salgado Filho e me impressionei com o breu, com a escuridão da estátua do Laçador e de todo o sítio que compõe o memorial que é um símbolo de Porto Alegre e de todos os gaúchos. Pensei até em parar para fotografar tal descaso mas achei perigoso naquele momento.
Hoje, lendo uma reportagem de Bruna Vargas, da ZH, soube que o conhecido monumento precisa ser retirado do local para sofrer reparos. Tal diagnóstico foi feito pelo restaurador francês Antoine Amarger.
A obra do pelotense Antônio Caringi e que teve o folclorista Paixão Côrtes como modelo não tem mais de 60 anos (inaugurada em 20 de setembro de 1958) mas apresenta fissuras, problemas estruturais, água, vegetais e insetos. Segundo a arquiteta Verônica Di Benedetti, que acompanhou os trabalhos realizados em março, as múltiplas avarias representam um risco difícil de medir.
- Pode ser que fique mais 10 ou 20 anos e nada aconteça, mas pode ser que, em dois ou três anos, ocorra uma ventania e ele seja danificado.
Primeiro, o Laçador terá de ser removido do local deitado, para evitar novos danos. Depois, começa a intervenção propriamente dita. O preenchimento atual, de argamassa, deverá ser removido para que sejam soldadas as fissuras — as mais evidentes estão no pescoço, em um dos braços e nas pernas. Para não sobrecarregar o já cansado pé direito do gaúcho, que suporta a maior parte do peso da estátua e onde foram detectados os primeiros problemas, o monumento deve receber uma estrutura mais robusta, com vigas e colunas em aço inoxidável. Por fim, uma pátina química será elaborada para o acabamento, tornando as cicatrizes imperceptíveis.
Ainda não se sabe quanto a cirurgia preventiva vai custar nem quanto tempo de "internação" será necessário para que o Laçador seja recauchutado. Responsável pelo projeto Resgate do Patrimônio Histórico — Monumento Laçador, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) aguardará pelo aval do Conselho do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc) para dar continuidade aos trabalhos. A boa notícia em tempos difíceis é que, provavelmente, a prefeitura não terá de desembolsar nada para acabar com o sufoco do Laçador: o Sinduscon dispõe-se a buscar parcerias para levar o projeto adiante.
— Estamos disponíveis e decididos a buscar recursos e dar os remédios que o monumento precisa — disse o presidente da entidade, Zalmir Chwartzmann.
Há inclusive profissionais capacitados para realizar o procedimento. Durante a estadia de Antoine Amarger no Brasil, o restaurador especializado em estruturas metálicas instruiu 15 profissionais de diferentes estados para realizar procedimentos como os necessários ao Laçador. A prefeitura sinalizou que não deve impor obstáculos à continuidade do trabalho de conservação de um dos mais emblemáticos monumentos da cidade:
— Queremos tornar isso viável. Tem de passar pelo Compahc, mas isso deve ser muito rápido, porque temos total confiança no trabalho que foi feito — disse o coordenador da memória cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Felipe Pimentel.