Nossa homenagem a um dos gaúchos mais campeiros que conheci e que partiu para as sesmarias do infinito esta semana: JOSÉ FONSECA.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

TRÊS OLHARES SOBRE A NOITE


 
Quando sucumbe o dia, calmo e sério
e o céu sangrado, aos poucos, escurece,
toda a paisagem que desaparece
vai se perdendo em sonhos e mistérios!

Dormem os homens: aldeões, gaudérios...
Cochila a estância e o povo permanece
de olhos fechados desde que anoitece
até que a Vésper ronde os hemisférios!

E enquanto a vida, súbita, adormece,
taperas, ermos, fundos, cemitérios
acordam lendas que o presente esquece...

É quando o espectro suplica a prece
e a treva exulta sobre o medo etéreo
que desintegra-se quando amanhece!

Fragmentos do poema Três Olhares Sobre a Noite, do poeta Rodrigo Bauer
Gravura La Ramada, de Jean Leon Palliere