Uma
festividade que teve início neste dia 13 e que sempre motivou enormes
controvérsias é a do Ciclo Junino. Ela se manifesta no folclore de quase todo o
solo brasileiro e engloba os folguedos de Santo Antônio, São João, São Pedro e
São Paulo.
Por ser
uma tradição que, como sabemos, ocorre em vários estados, cada qual deveria ter
sua característica própria, o que não acontece, pois há uma tendência caipira
nas comemorações.
A origem
destes festejos, está nas antigas civilizações Greco-romanas, Godas e Celtas
que, no verão europeu (junho e julho), homenageavam os Deuses da Colheita com
cantigas e danças ao redor de uma fogueira.
Foi por
intermédio dos colonizadores portugueses, entre 1580 e 1590, que estas
manifestações chegaram ao Brasil sendo que os originários santos pagãos foram
substituídos pelos santos católicos acima citados.
Mesclando
ritos cristãos e pagãos, são muitas as formas de homenagear os santos
favoritos, as quais podemos destacar: novenas, procissões, fogueiras, fogos de
artifícios, quermesse, bailes, presságios, brincadeiras como casamento na roça,
dança da quadrilha, pau-de-cebo e outros.
O que não
se entende é a unificação na forma das comemorações. Cada estado deveria
festejar o ciclo junino dentro de suas características, de suas tradições, de
sua cultura própria. Ex: no Rio Grande do Sul não deveria ocorrer a incidência
de chapéus-de-palha, camisas estampadas, calças remendadas, etc. Seria
interessante o IGTF esclarecer estas circunstâncias através de cartilhas sobre o
assunto. É comum alguns professores pintarem com rolha queimada bigodinhos e
costeletas na piazada, no melhor estilo Mazaropi.
Sobre este tema, há uma pesquisa muito bem feita com ótima redação do meu amigo poeta e declamador Leandro de Araújo, o qual reproduzimos a síntese abaixo, sob o título de Festa Junina ou Festa Caipira?
Sobre este tema, há uma pesquisa muito bem feita com ótima redação do meu amigo poeta e declamador Leandro de Araújo, o qual reproduzimos a síntese abaixo, sob o título de Festa Junina ou Festa Caipira?
Por que,
existe a cultura do “caipira” em nossas Festas Juninas?
Estudando
o termo, percebemos que ele se refere a qualquer tipo humano do interior,
normalmente de área rural. De acordo com o dicionário Koogan/Houaiss, caipira
significa “Homem da roça ou do mato; matuto, capiau. /Pessoa tímida e acanhada.
/ Jogo de parada com um só dado ou com roleta, entre pessoas humildes.” Já no
dicionário Antônio Olinto de Língua Portuguesa, a definição de caipira é
“Habitante do campo, do interior. / roceiro, caboclo. / indivíduo tímido,
acanhado”. No dicionário Aurélio encontramos “Habitante do campo ou da roça /
diz-se de caipira sin. ger. jeca, matuto, roceiro, caboclo, capiau ou taboréu”.
Ou seja, a expressão refere-se genericamente às pessoas ligadas ao campo,
geralmente em pequenas propriedades (ou empregados de grandes propriedades), de
poucas letras e pouca vivência urbana. Ora, este tipo é encontrado em todo
Brasil, não necessariamente precisa figurar como o imortalizado por personagens
como “Jeca Tatu”, de chapéu de palha, calças remendadas e camisa xadrez.
A palavra
“caipira”, como é definida vocabularmente, é encontrada em qualquer região
brasileira, respeitando suas características físicas, culturais, históricas e
geográficas. Ligar a expressão “Festa Junina” a “Festa Caipira”, por si só já é
um erro crasso, no entanto, pior ainda é ligar a expressão “caipira” à imagem
estereotipada pela mídia do homem do interior, maltrapilho, ignorante e
ingênuo.