RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Dos tempos em que cruzava estradas firmando o Pavilhão Rio-grandense. Agora resta bombear o álbum de retratos.

terça-feira, 16 de junho de 2015

SOBRE AS FESTAS JUNINAS




Uma festividade que teve início neste dia 13 e que sempre motivou enormes controvérsias é a do Ciclo Junino. Ela se manifesta no folclore de quase todo o solo brasileiro e engloba os folguedos de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo.
Por ser uma tradição que, como sabemos, ocorre em vários estados, cada qual deveria ter sua característica própria, o que não acontece, pois há uma tendência caipira nas comemorações.
A origem destes festejos, está nas antigas civilizações Greco-romanas, Godas e Celtas que, no verão europeu (junho e julho), homenageavam os Deuses da Colheita com cantigas e danças ao redor de uma fogueira.
Foi por intermédio dos colonizadores portugueses, entre 1580 e 1590, que estas manifestações chegaram ao Brasil sendo que os originários santos pagãos foram substituídos pelos santos católicos acima citados.
Mesclando ritos cristãos e pagãos, são muitas as formas de homenagear os santos favoritos, as quais podemos destacar: novenas, procissões, fogueiras, fogos de artifícios, quermesse, bailes, presságios, brincadeiras como casamento na roça, dança da quadrilha, pau-de-cebo e outros.
O que não se entende é a unificação na forma das comemorações. Cada estado deveria festejar o ciclo junino dentro de suas características, de suas tradições, de sua cultura própria. Ex: no Rio Grande do Sul não deveria ocorrer a incidência de chapéus-de-palha, camisas estampadas, calças remendadas, etc. Seria interessante o IGTF esclarecer estas circunstâncias através de cartilhas sobre o assunto. É comum alguns professores pintarem com rolha queimada bigodinhos e costeletas na piazada, no melhor estilo Mazaropi.

Sobre este tema, há uma pesquisa muito bem feita com ótima redação do meu amigo poeta e declamador Leandro de Araújo, o qual reproduzimos a síntese abaixo, sob o título de Festa Junina ou Festa Caipira?
Por que, existe a cultura do “caipira” em nossas Festas Juninas?

Estudando o termo, percebemos que ele se refere a qualquer tipo humano do interior, normalmente de área rural. De acordo com o dicionário Koogan/Houaiss, caipira significa “Homem da roça ou do mato; matuto, capiau. /Pessoa tímida e acanhada. / Jogo de parada com um só dado ou com roleta, entre pessoas humildes.” Já no dicionário Antônio Olinto de Língua Portuguesa, a definição de caipira é “Habitante do campo, do interior. / roceiro, caboclo. / indivíduo tímido, acanhado”. No dicionário Aurélio encontramos “Habitante do campo ou da roça / diz-se de caipira sin. ger. jeca, matuto, roceiro, caboclo, capiau ou taboréu”. Ou seja, a expressão refere-se genericamente às pessoas ligadas ao campo, geralmente em pequenas propriedades (ou empregados de grandes propriedades), de poucas letras e pouca vivência urbana. Ora, este tipo é encontrado em todo Brasil, não necessariamente precisa figurar como o imortalizado por personagens como “Jeca Tatu”, de chapéu de palha, calças remendadas e camisa xadrez.

A palavra “caipira”, como é definida vocabularmente, é encontrada em qualquer região brasileira, respeitando suas características físicas, culturais, históricas e geográficas. Ligar a expressão “Festa Junina” a “Festa Caipira”, por si só já é um erro crasso, no entanto, pior ainda é ligar a expressão “caipira” à imagem estereotipada pela mídia do homem do interior, maltrapilho, ignorante e ingênuo.