Como promotores da pesquisa sobre
Os Nomes Mais Lembrados da Cultura Regional Gaúcha nos sentimos realizados pelo
resultado produzido pela mesma.
Mais contentes ficamos é por ver
que fomos além de apontar “vencedores”, pois (e talvez isto seja o mais importante) instigamos,
fomentamos um novo debate que visa buscar o por que de verdadeiros ícones não
serem lembrados em nosso rol.
Vejam o que escreveu o jornalista,
poeta e pajador Paulo de Freitas Mendonça sobre o assunto:
“...Confesso que estava curioso
para ler o resultado da pesquisa da qual participei como informante. Mas agora
com a relação sobre minha mirada criteriosa faço mea-culpa na questão do
resultado e proponho uma reflexão sobre o produto final. Todavia gostaria que
este meu texto não fosse interpretado como reclamação, retaliação ou
descontentamento. Meu objetivo é de que ele seja interpretado como objeto
exclusivo de reflexão sobre a cultura gaúcha e a nossa memória cultural. Não
consigo aceitar que nós, oitenta pessoas esclarecidas, não tenhamos lembrado
Cenair Maicá, José Mendes e Noel Guarany como cantores, haja vista que estes
três foram fundamentais para a construção do imaginário popular do cancioneiro
gaúcho. Também não entendo como não lembrarmos Balbino Marques da Rocha, Juca
Ruivo, Amaro Juvenal (Ramiro Barcelos), Zeca Blau, Eron Vaz Mattos, Guilherme Schults
Filho, Glênio Fagundes e Luiz Menezes como poetas. Eles são vates inspirados e
produtores de obras imortais da poética gaúcha. Da mesma forma acho inconcebível
esquecermos trovadores como Portela Delavi, Chico Vargas e Chiquinha, entre
outros.
Vejo também que alguns de nós lembramos a obra, mas a memória tinha a
outro autor como preferencial ou não sabemos a autoria de nossas obras
preferidas, por exemplo: Gilberto Carvalho e Airton Pimentel foram
indiretamente lembrados com uma das suas obras, Negro da Gaita, mas seus nomes
não figuram em nenhum item da pesquisa. Mas isto não é o mais importante, até
porque muitos de nós poderemos apontar critérios que justifiquem nossa
predileção a um em detrimento de outro. O mais importante deste processo é o
lamento de que já esquecemos nomes fundamentais da nossa cultura como Dante de
Laytano, Mosar Pereira Soares, Walter Spalding, Augusto Mayer e Ciro Gavião,
entre outros.
Mas como disse fazer mea-culpa de tudo isso, a pesquisa me instiga a
estudar mais, observar mais e interpretar melhor, porque alguns nomes lembrados
por alguns nós, a minha vã ignorância desconhece ou não reconhece em sua obra
tamanho valor para ser lembrada como expressiva ao movimento cultural, o que
certamente é um descuido meu ou erro no critério de avaliação. Inclusive levei
um susto, porque há pajadores lembrados que eu nunca tive oportunidade de
apreciar suas criações poéticas de improviso e isto eu não me perdoo.”
Pois Bueno.
Na hora de clicar o “enter” e
postar a matéria (pesquisa), pensamos, uma, duas, três, vezes, se editávamos
somente os vencedores em cada categoria e seus respectivos números de votos
ou publicávamos da forma que fizemos, ou seja, com o nome de todos os citados.
Tudo isto, porque, embora a qualidade, o conhecimento e a honestidade dos
oitenta convidados, percebemos alguns nomes desconhecidos ou mesmo que não combinavam o perfil do citado com a
categoria para a qual foram escolhidos. Ex: Fulano de tal como declamador...
Ciclano de tal como compositor...
Da mesma forma, embora respeitando
a valorização pessoal que todos devemos ter, houve casos em que
a votação em si mesmo também não
caiu bem. Sabemos que este tipo de pergunta (quem você lembra ao se falar
de tal assunto?) canaliza para algumas pessoas que são por demais reconhecidas no meio. Em alguns casos específicos a autopromoção fica destoante.
Mesmo assim estas impropriedades foram mínimas, sem interferir no todo e como foi uma pesquisa democrática resolvemos publicar cada nome citado. Na verdade, os vencedores estão devidamente corretos (dentro de nossa ótica, é claro). Em relação aos "esquecidos" reafirmamos que este é um novo embate que tem por meta resgatar e preservar dezenas de vultos importantes que as redes sociais e a mídia não alcançam.
Mesmo assim estas impropriedades foram mínimas, sem interferir no todo e como foi uma pesquisa democrática resolvemos publicar cada nome citado. Na verdade, os vencedores estão devidamente corretos (dentro de nossa ótica, é claro). Em relação aos "esquecidos" reafirmamos que este é um novo embate que tem por meta resgatar e preservar dezenas de vultos importantes que as redes sociais e a mídia não alcançam.
Achamos que, por tudo isto, valeu
a pena, pois, inclusive, o Presidente do IGTF Vinícius Brun se manifestou no
seguinte sentido:
“Amigo Léo, a preservação da memória coletiva é uma das tarefas que
justificam a existência da FIGTF. Conta comigo sempre. Parabenizo a importante
iniciativa desta enquete.”
Portanto, o que talvez precisamos fazer é mais ou menos isto: um grupo de trabalho que envolva as instituições culturais de preservação das
tradições, com o objetivo de deixar registrado às novas gerações quem foram estas figuras
que tanto contribuíram com nossa a musicalidade, com a nossa poesia, com a
organização de um CTG, enfim, com a nossa arte crioula como um todo.
E quem sabe numa próxima pesquisa voltemos a falar diretamente sobre quem foi ou quem é um Nelson Cardoso, um Adair de Freitas, um Reduzino Malaquias, um Cesar Passarinho, um Miguel Marques, um Vargas Neto, um Onésimo Carneiro Duarte, um... vamos para por aqui pois pode faltar folha.
Mas a semente está lançada.
Léo Ribeiro
E quem sabe numa próxima pesquisa voltemos a falar diretamente sobre quem foi ou quem é um Nelson Cardoso, um Adair de Freitas, um Reduzino Malaquias, um Cesar Passarinho, um Miguel Marques, um Vargas Neto, um Onésimo Carneiro Duarte, um... vamos para por aqui pois pode faltar folha.
Mas a semente está lançada.
Léo Ribeiro