MAIS PERGUNTAS QUE RESPOSTAS
Nós, viventes do
século XXI, estamos vivendo uma época de profundas alterações na sociedade.
Dizem que se trata da “sociedade pós-moderna”. Sei lá! Pra mim era moderno tudo
aquilo que era melhor, mais bonito, mais sofisticado, melhor elaborado. Parece
que nos dias atuais o moderno é o anárquico, o alternativo, o bizarro. Seria
isso o “pós-moderno”?
É muito difícil
fazer uma avaliação adequada do momento que vivemos. A família já não é a
mesma. O casa-e-descasa é tão comum que temos receio de perguntar a algum
conhecido, que não vemos a mais de seis meses, como vai a esposa, pois é cada
vez mais comum a resposta: “nos separamos” e, na sequencia, estou com outra.
Comportamentos sociais que ontem eram tidos como equivocados, hoje são normais.
O conceito de moralidade muda a cada virada de ano. O casamento entre pessoas
do mesmo sexo virou moda e parece a coisa mais natural. Se alguém expressa
contrariedade com todas essas coisas, é imediatamente taxado de retrógrado,
preconceituoso, estúpido, e assim vai. Parece que o correto é aceitar tudo e de
qualquer jeito.
No meio desse
turbilhão estão os Centros de Tradições Gaúchas e a imensa maioria de
tradicionalistas que entendem ser errado alterar tão rapidamente e tão
profundamente conceitos tradicionais, como família, casamento, respeito. A
maioria das pessoas que nasceram antes da aprovação da atual Constituição
Brasileira (1988) tem dificuldades de aceitar tão grandes e profundas mudanças.
E por expressarem suas convicções estão sujeitos a serem discriminados e
sofrerem as mais diversas agressões de ordem moral. Se alguém se arvora no
direito de criticar o uso dos brincos pelos homens ou os excessos de pircens,
ou, ainda, as tatuagens que agridem o bom senso, é imediatamente reprimido
pelos arautos da modernidade. Se o critico for um tradicionalista, então está
armada a polêmica.
Há alguns dias
armou-se a polêmica do casamento entre homossexuais num CTG. Havia casamento
marcado? NÃO! Tratava-se de um CTG filiado ao MTG? NÃO! O MTG tinha alguma
responsabilidade ou alguma interferência nisso? NÃO! Havia algum interesse
cultural no assunto? NÃO!
Então, por que a
mídia colocou o MTG e seus dirigentes no centro da polêmica? Por que tanto
interesse em saber ou descobrir o que pensam os tradicionalistas a respeito do
casamento gay? Qual o interesse em caracterizar que a novidade e o ineditismo
estão no fato do tal casamento ser realizado no interior de um CTG?
Sinceramente, eu não tenho as respostas para
esses questionamentos. Os jornalistas dizem que se trata somente de uma
notícia. Alguns tradicionalistas acham que é um movimento orquestrado de
desmoralização do tradicionalismo. Outros entendem que é somente uma atitude
oportunista. Há ainda os que veem nisso tudo um sinal de que o “mundo está
perdido”.
Não tenho a
pretensão de encontrar respostas ou de determinar procedimentos absolutamente
corretos. Minha obrigação é somente a de orientar os tradicionalistas à luz das
normas que nós mesmos elaboramos, ou da melhor maneira de atender ao que
estabelece a Carta de Princípios que ainda é a nossa melhor luz.
Assim,
oriento a que todos os tradicionalistas, independentemente das suas convicções
pessoas, das suas orientações religiosas, das suas crenças sociais e das suas
preferências sexuais, se abstenham de emitir pareceres que possam ofender
pessoas e instituições. Se abstenham de criticar isso ou aquilo, sem que
disponham de todas as informações e de todos os dados a respeito do assunto. No
interior dos galpões e nos ambientes em que se realizam as atividades
tradicionalistas, cada um procure se portar segundo o seu gênero, ou seja, os
homens tenham posturas masculinas e as mulheres posturas do sexo feminino, tudo
segundo a tradição.
Quanto a casamentos
no interior dos galpões, desde que sejam entre tradicionalistas e que as
cerimônias ocorram no modo tradicional, sejam elas civis ou religiosas, não há
qualquer restrição, aliás pode ser uma iniciativa muito bonita adotada por
casais que se conheceram no meio tradicionalista e resolvem oficializar a união
naquele ambiente e trajados à moda tradicional, pilchados. Os casamentos
coletivos são mais adequados para ambientes em que não haja compromissos com
aspectos tradicionais e culturais.
Nunca é demais
lembrar que tradição não se inventa e não se compra. Tradição é tudo aquilo que
absorvemos da geração que nos antecedeu e que nos foi transmitido na
convivência familiar ou social.
O Movimento
Tradicionalista Gaúcho tem na sua origem, na sua base, na sua essência, no seu
âmago, o compromisso com a tradição e o respeito de tudo aquilo que constitui a
cultura do gaúcho. O moderno ou o pós-moderno pode ser bom ou ruim, dependendo
de como isso se apresenta e de como isso interfere na vida que escolhemos para
nós e para nossas famílias.
Manoelito Carlos
Savaris
Presidente do MTG