Jurados do 22º Ronco do Bugio
Terminada mais uma triagem do Ronco do Bugio me atrevo a dar umas "dicas" aos concorrentes para a próxima edição.
1- Em relação a música:
a) A comissão avaliadora do Ronco do Bugio sempre é composta por dois ou três gaiteiros. Como a gaita é a "alma" do bugio, hay que se dedicar uma especial atenção a este instrumento.
b) O limite entre o bugio, a vaneira, a chamarra e até a milonga é muito tênue e todas as comissões são muito chatas (no bom sentido) em relação a fidelidade musical. Lindas letras acabam prejudicadas em virtude da música ser uma variante do bugio.
c) Honeyde Bertussi, em sua concepção musical, sempre defendeu o "jogo-de-foles" como característica marcante do Bugio. Em contrapartida, outro grande gaiteiro serrano, Albino Manique, sempre tocou bugio sem fazer jogo de foles. Então, aceita-se, no festival, as duas versões. O que não se admite é que não seja bugio.
d) Embora seja difícil em virtude do grande número de composições gauchescas e a pouca variação de rimos, tem que se evitar o plágio.
d) Embora seja difícil em virtude do grande número de composições gauchescas e a pouca variação de rimos, tem que se evitar o plágio.
2 - Em relação a letra:
a) A maioria dos concorrentes imaginam que a letra de um bugio tenha que falar no bicho, ou seja, no primata. O ritmo é bugio mas a temática é vasta, para não tornar o festival e, posteriormente, o CD muito cansativos.
b) A repetição de temas também é comum, pois muitos pintam o bugio como um macaco bagunceiro, briguento, beberrão e aí os próprios concorrentes acabam se "faqueando". Outros, por sua vez, tornam-se repetitivos numa temática que já foi cantada e decantada, isto é, a extinção do primata devido a evolução, ao progresso das cidades. É um viés ecológico bonito, mas explorado ao extremo...
c) Da mesma forma em relação ás rimas. Bugio, rio, frio, pariu, aparecem na maioria das letras. Pode-se descrever sobre um tema usando sinônimos ou adjetivas que não tirem o sentido do verso. Mas tem que procurar sair do lugar comum.
d) Uma letra para um bugio, preferencialmente deve ter um andamento campeiro (alguns bugios românticos já se houveram muito bem no Ronco) contudo, como qualquer outra letra, deve ter métrica, início, meio e fim e o mais importante: uma mensagem.
c) As "homenagens" as pessoas tem que ser muito bem pensadas pois é difícil expressar o que a pessoa realmente era. As particularidades como fazer verso para um pai, avô, etc, é bonito, mas não é amplo. Tem um público alvo muito limitado.
c) As "homenagens" as pessoas tem que ser muito bem pensadas pois é difícil expressar o que a pessoa realmente era. As particularidades como fazer verso para um pai, avô, etc, é bonito, mas não é amplo. Tem um público alvo muito limitado.
3 - Em relação a interpretação:
a) É aconselhável que uma concorrente já venha para a triagem o mais parecida possível com a futura apresentação, ou seja, com boa qualidade de áudio, vocais, afinação, etc.
b) Ser músico, ou cantor, ou qualquer outra profissão, é um dom. Então não vamos nos meter de pato a ganso. Se eu não sou cantor, tenho que fazer uma autoanálise e dar tal incumbência para quem conhece o riscado. Não adianta dizer: - ah! Era voz só para a triagem. No dia o cantor vai ser fulano. O avaliador julga pelo que está ali exposto. Não é um futurólogo, um adivinho para imaginar oque vai acontecer no dia da apresentação.
Espero ter ajudado um pouco, embora não seja ninguém para estar dando conselhos.
Léo Ribeiro
