SERÁ VOTADO HOJE, EM PORTO ALEGRE.
Vereador de Porto Alegre Bernardino Vendruscolo (Pros) e este blogueiro
Um projeto de autoria do vereador Bernardino Vendruscolo (Pros) que prevê a aprovação, por parte dos próprios vereadores, para qualquer inclusão de obra de arte em espaço público de Porto Alegre, vai ser votado hoje a tarde na Câmara deste município, ou seja, os legisladores, se aprovado tal projeto, serão um espécie de curadores de arte.
É claro que grande parte da comunidade artística tem reagido de forma contrária a este projeto de lei. Segundo Vinícius Viera, presidente da Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do Sul, "é interessante pensar em um mecanismo para legitimar a inclusão das obras, mas passar esta responsabilidade para os vereadores, é uma deformação total.
Outros pontos que tem causado polêmica são a possibilidade de remoção de obras e a criação de um termo de responsabilidade que pode colocar nas mãos do artista ou de um homenageado os cuidados de manutenção de monumentos e de outras obras.
Para a coordenadora de Artes Plásticas da Secretaria Municipal de Cultura, Anete Abarno, as obras que já estão instaladas devem permanecer. Quanto à conservação, parcerias entre prefeitura e iniciativa privada devem ser estudadas como alternativas, mas não se pode responsabilizar o artista por isso.
Hoje em dia, quando a cidade recebe ou determina a construção de uma obra, sua alocação é definida por uma comissão heterogênea formada pelos membros da Coordenação de Artes Plásticas, da Coordenação de Memória e Patrimônio e da Secretaria de Meio Ambiente, além do responsável pelas pinacotecas da prefeitura e um artista plástico.
Conforme o autor da proposta, vereador Bernardino Vendruscolo, algumas obras como Olhos Atentos (Usina do Gasômetro) ou Cubo Cor (Parque Marinha do Brasil), são espécies de presentes de grego. "Poucos entendem o que aquilo quer dizer e a prefeitura precisa pagar pela manutenção".
Não é de agora que o vereador tenta legislar sobre as artes. Seu projeto foi elaborado com inspiração em um artigo do historiador Voltaire Schilling. Intitulado A Capital das Monstruosidades, o texto foi publicado em Zero Hora em outubro de 2009.
Schilling afirmava que a obra Supercuia (foto abaixo) podia ser entendida como a exaltação de um "superúbere de uma vaca premiada" e propunha a questão: por que Porto Alegre terminaria "por excitar o pior lado de muitos que aqui vem expor"?
Nota do blog:
Não sei se o caminho correto seria o defendido pelo meu amigo Bernardino Vendruscolo, ou seja, colocar nas mãos dos vereadores nossa "curadoria" das artes em lugares públicos, afinal, gosto é gosto, dizia um vivente comendo xuxu. Contudo, concordamos que alguma coisa tem que ser feita, pois, com os atuais responsáveis, o que temos visto é um festival de aberrações. Exemplo disto é o citado Monumento As Tetas, quer dizer, Monumento As Cuias.
Da mesma forma, temos monumentos lindos (pelo menos para o meu gosto) em lugares inóspitos, como é o caso do Gaúcho Oriental, escondido no Parque da Redenção, num lugar onde ninguém passa. Tentamos sua remoção para o Parque da Harmonia, inclusive promovendo um churrasco com os vereadores da capital em nosso galpão (Fraternidade Gaúcha) por ocasião do Acampamento Farroupilha. Não conseguimos nada devido, justamente, aos entraves burocráticos que o presente projeto quer combater. Enquanto isto, com apoio dos "entendidos das artes", memoriais "pitorescos" são despejados em nossos parques todas as semanas.
Sucesso na votação.
Monumento as .... Cuias