O ENART aconteceu há uma semana atrás. Contudo, pela grandeza e importância que tem, seus reflexos continuam aparecendo Rio Grande afora. Hoje,vamos postar matéria enviada a nosso blog pelo jornalista Dilerman Zanchet, que lá esteve e vivenciou o dia-a-dia deste grande evento. Não carece, mas reforçamos que a opinião de nossos leitores e colaboradores não representam, necessariamente, a opinião do blog.O ENART E O MTGPor: Dilerman Zanchet - Jornalista
Você acompanha o desempenho do seu grupo de danças ou de seu concorrente na modalidade individual, independente de qual seja, durante todo o ano. Você não precisa ser pai, mãe, namorada, namorado, tio, tia, enfim, nenhum laço te prende ao concorrente, exceto a amizade e ao amor, à dedicação que vês que aquela pessoa tem. Então ela participa dos rodeios, ensaia duas, três, quatro horas por dia, por diversos dias da semana. A grande maioria ainda estuda, trabalha, tem que arrumar tempo para se dedicar aos pais, aos namorados, aos filhos, etc. Mas estão ali, noites após noites ensaiando para um sonho. Qual sonho? Ser campeão ou classificar bem em Santa Cruz, no Enart.
Bem, então chegou a classificação. Depois da fase regional, da macro e de muita luta, enfim, Santa Cruz. E de agora em diante vamos focar num grupo de danças, para não sermos tão específicos. Porque a especificidade é superficial, diria um gaúcho, barriga expoente, lenço colorado e bigodão, que conheci há algum tempo em Porto Alegre.
Então, a partir de agora, o assunto é com a patronagem: Vai ou telefona à santa Cruz, procura pelo Paulo, no Parque de Exposições, confirma o local do acampamento, reserva hotel para o grupo, procura na entidade os responsáveis pela infraestrutura, aluga caminhão, ônibus, compra mantimentos e “simbora” para Santa Cruz, geralmente um dia antes que o grupo, para deixar a estrutura pronta. Todos felizes, ansiosos pela classificação para o domingo. Sim, porque, antes de pensar em ficar entre os cinco finalistas, tem que passar para o domingo. São 40 grupos em cada força (A e . Somente 20 se classificam. E os grupos formados são fortes. Reunião no hotel, no acampamento para avaliar a apresentação. Não só de sua invernada, mas, principalmente, das demais que formaram o grupo.
E varam a madrugada de sábado para, num grito incontido de alegria, comemorar a classificação, ou num choro desesperador, sepultar o sonho ou transferi-lo para mais um ano.
E para quem chegou ao parque de exposições de Santa Cruz com antecedência, montou sua barraca e começou a vivenciar os dias do mais autêntico tradicionalismo, os “poréns” poderiam ter sido evitados, se os organizadores, respaldados pelos “patrões” do MTG, vivessem um pouco das dificuldades que mais de 5 mil pessoas enfrentam nos dias de Enart. Para começar, as filas para entrar no ginásio. Neste ano, depois de uma ameaça de quebra-quebra na sexta, outra confusão no sábado, a Brigada Militar e a Guarda Municipal de Santa Cruz resolveram a parada. Mas os “organizadores” estavam aonde? Lá dentro, na tribuna, tomando água gelada. E o povo no sol causticante, à espera que a fila andasse.
Então aquela senhora, com a criança no colo, resolve tomar um banho e banhar seu bebê. Encontra a fila do banheiro feminino com mais de 50 mulheres na espera. Isso... mais de 50 pessoas na fila por um chuveiro. Depois de umas três horas, ela consegue o banho (morno ou quente). E comenta com o companheiro, no acampamento, da demora e da falta de estrutura. Ele retruca: “Bem, no ÚNICO banheiro público masculino destinado a banhos, não tinha muita fila de espera, mas embora o esforço do pessoal de serviço, a água suja corria solta à procura de escoamento. Não tinha vazão suficiente, então você fica com os pés naquela sujeira, urina (mijo), etc”.
Se, de repente, depois de asseado (a muito custo), o casal resolvesse passear e tomar uma cerveja (ai ai ai), tinha um estabelecimento (uma tal pastelaria) na praça de alimentação, que vendia a latinha de cerveja Nova Schin ao preço módico de R$ 6,00. Sim, eu disse Seis Reais uma latinha de cerveja. Na outra ponta da praça, a dona do restaurante cobrava R$ 4,00. E olha que o valor da bebida, conforme os organizadores era tabelada (Eu to rindo disso tudo até agora).
Não bastasse isso, na divulgação do resultado final, no domingo, ainda teve vaias escancaradas e estrondosas para uma comissão avaliadora já viciada (e ele disse há algum tempo que nada iria mudar), campanha política para o candidato da situação à direção do MTG (que coisa feia) e um ginásio todo chamando justiça e aplaudindo o campeão Ronda Charrua.
Conversa daqui, conversa de lá, e vejo o blog de Tainá Valenzuela, colocando abaixo toda a afamada “organização” do MTG para com o Enart. Se a entidade mandatária do tradicionalismo gaúcho arrecada mais de um milhão de reais, incluindo aí uma bela cifra da Prefeitura de Santa Cruz, e não oferece condições adequadas de infraestrutura no parque, ainda comete erros grotescos de soma (1 + 1 ainda é = 2), o que as mais de 50 mil pessoas que lá estiveram podem esperar das próximas edições?
Bem, talvez (e isso depende da eleição de janeiro) a logística do próximo Enart seja melhorada, e muito. Pois haverá eleições e, ao que se sabe, tem uma forte Oposição.
domingo, 1 de dezembro de 2013
AINDA SOBRE O ENART
Postado por
Léo