Há uns 15 dias atrás resolvi recarregar minhas baterias culturais, embarquei na condução e abri o poncho rumo à histórica cidade de Rio Pardo (foi a segunda vez que andejei por estas paragens). Que decepção, por constatar que não valorizamos o que é nosso. A indústria do turismo é a porta do sucesso para muitos municípios gaúchos que, no entanto, não sabem (ou não querem) utilizá-la.
Rio Pardo tem um potencial cultural inesgotável (ver texto abaixo) mas, ao contrário de outras localidades semelhantes, não faz uso deste manancial. Museus e igrejas fechadas em pleno sábado a tarde (dia de receber o turista), prédios históricos deteriorados, falta de informações, enfim, o passado agoniza por estas ruas mas não encontra amparo nos pachorrentos dias atuais. Que pena!
Rua da Ladeira (atual Júlio de Castilhos) - construída
em 1813 copiando a Via Appia, é a primeira rua calçada no Rio Grande do Sul, ligando
o antigo Forte Jesus, Maria, José ao centro da cidade. Foi tombada em 1954
pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil. Hoje encontra-se mal cuidada, tapada de grama. Ao fundo a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário - construída em
1779 e tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978 e... fechada para visitação. A direita da foto a Casa de Cultura de Rio Pardo (antiga Escola Militar) -
construída de 1846 a 1880 e tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983 e... fechada para visitação.
Museu Histórico Barão de Santo Ângelo - casa em estilo
português do século XIX que ainda tem uma senzala para escravos domésticos e... fechado para visitação.
Outro ângulo da Rua da Ladeira, a mais antiga do Rio Grande do Sul. Mal cuidada, sem nenhuma placa informativa ao turista e com esgoto correndo a céu aberto.
Em Colônia de Sacramento, Uruguai, cidade histórica, preservada e que vive do turismo, uma rua semelhante a Rua da Ladeira de Rio Pardo, é motivo de visitação por milhares de pessoas.
HISTÓRICO DE RIO PARDO
Rio Pardo foi uma das primeiras vilas a serem criadas no Rio
Grande do Sul, e sua história está intimamente ligada à formação deste estado.
Teve um papel importante como fortaleza de fronteira na conquista do território
aos espanhóis, e daí seu moto de Tranqueira Invicta; foi palco de várias cenas
da Guerra Guaranítica, sendo a prisão do lendário Sepé Tiaraju, e também na
Revolução Farroupilha e na Guerra do Paraguai foi um local que centralizou
atenções. Sua origem é, desta forma, essencialmente militar. Povoada
principalmente por açorianos, que fundaram famílias que se ligaram às mais
ilustres do estado, tornou-se no século XIX centro de produção agrícola e seu
porto fluvial um movimentado entreposto de comércio. Sua antiguidade deixou
marcas ainda visíveis na cidade, em tradições e na sua rica arquitetura
colonial.
Às margens do rio Jacuí, é um dos quatro municípios mais
antigos do Rio Grande do Sul e de grande importância histórica. No século XVII
e século XVIII, compreendia quase 157 mil quilômetros quadrados, mais da metade
do território sul-rio-grandense. O município de Rio Pardo deu origem a mais de
200 outros. Era habitada pelos nativos tapes, que foram depois reduzidos pelos
jesuítas espanhóis nas Missões Orientais do Tapes, por volta de 1633.
O forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo, em 1752, foi
construído com o intuito de ser a fortificação mais a oeste na chamada guerra
Guaranítica - (1753-1756). Alguns anos após, chegaram os primeiros
colonizadores açorianos, que foram povoando a cidade inicialmente em volta do
forte. Foram estabelecidas plantações e fazendas criatórias, que sustentaram a
economia e a sociedade regional.
Alguns historiadores contam que foi "no atalaia do Rio
Pardo que se plasmou a alma guerreira dos rio-grandenses", visto que os
Dragões (tropa de elite) estiveram em Rio Pardo de 1750 até 1823, portanto
durante 83 anos.
Por estas razões, uma parte significativa das famílias do
Rio Grande do Sul, com raízes no passado mais distante, tem ligação com esta
cidade. Inclusive muitas famílias de proprietários vinham casar suas filhas com
cadetes que vinham de todo o Brasil estudar na cidade.
ALGUMAS EDIFICAÇÕES
- Casa que hospedou D. Pedro II e Conde D'Eu (1865)
- Solar do Almirante Alexandrino de Alencar (1790) - em
estilo luso brasileiro
- Casa do Visconde de
São Gabriel
- Casa que hospedou o imperador D.Pedro II e Teresa Cristina
de Bourbon-Duas Sicílias (1846)
- Casa de Ernesto Alves (republicano histórico)
- Senado da Câmara e Cadeia (1811)
- Casa de Cultura de Rio Pardo (antiga Escola Militar) -
construída de 1846 a 1880 e tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983.
- Prefeitura Velha
IGREJAS
- Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário - construída em
1779 e tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978
- Capela São Francisco (com Museu de Arte Sacra de Rio
Pardo) - construída em 1755 e uma das mais antigas da história colonial;
- Capela do Senhor dos Passos (1812)
- Capela São Nicolau (1754) (arte sacra missioneira)
- Igreja Metodista
- A Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias
MUSEUS
- Museu Histórico Barão de Santo Ângelo - casa em estilo
português do século XIX que ainda tem uma senzala para escravos domésticos
- Museu de Arte Sacra de Rio Pardo (Capela São Francisco)
- Museu Zoológico
- Espaço Cultural
Panatieri
ÁREAS HISTÓRICAS E PANORÂMICAS
- Rua da Ladeira (atual Júlio de Castilhos) - construída
em 1813 copiando a Via Appia, é a primeira rua calçada no Rio Grande do Sul, ligando
o antigo Forte Jesus, Maria, José ao centro da cidade. Foi tombada em 1954
pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil
- Forte Jesus, Maria,
José do Rio Pardo, apelidado de "'Tranqueira Invicta" - construído em
1752, hoje restam apenas três canhões e uma lápide com a planta da fortaleza
Isto tudo sem falar que nosso HINO RIOGRANDENSE foi composto na cidade de Rio Pardo.