RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
FOTO HISTÓRICA do ano de 1973. Lançamento do LP Isto é Integração, de José Mendes no 35 CTG. Da esquerda para a direita: Zé Duarte (conjunto Os Milongueiros), Milongueiro (camisa preta), Jader Moreci Teixeira (Leonardo), Luiz Muller (trovador e compositor. Era cego), Ayrton dos Anjos (Patinete), Gildo de Freitas, José Mendes, Valdomiro Melo (atrás do Zé Mendes), Airton Pimentel (de vincha na testa) e os empresários Barra e Terra. Colaboração: Edgar Paiva

quinta-feira, 4 de julho de 2013

NÃO DAMOS VALOR AO QUE É NOSSO!


Há uns 15 dias atrás resolvi recarregar minhas baterias culturais, embarquei na condução e abri o poncho rumo à histórica cidade de Rio Pardo (foi a segunda vez que andejei por estas paragens). Que decepção, por constatar que não valorizamos o que é nosso. A indústria do turismo é a porta do sucesso para muitos municípios gaúchos que, no entanto, não sabem (ou não querem) utilizá-la.

Rio Pardo tem um potencial cultural inesgotável (ver texto abaixo) mas, ao contrário de outras localidades semelhantes, não faz uso deste manancial. Museus e igrejas fechadas em pleno sábado a tarde (dia de receber o turista), prédios históricos deteriorados, falta de informações, enfim, o passado agoniza por estas ruas mas não encontra amparo nos pachorrentos dias atuais. Que pena!     

Rua da Ladeira (atual Júlio de Castilhos) - construída em 1813 copiando a Via Appia, é a primeira rua calçada no Rio Grande do Sul, ligando o antigo Forte Jesus, Maria, José ao centro da cidade. Foi tombada em 1954 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil. Hoje encontra-se mal cuidada, tapada de grama. Ao fundo a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário - construída em 1779 e tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978 e... fechada para visitação. A direita da foto a Casa de Cultura de Rio Pardo (antiga Escola Militar) - construída de 1846 a 1880 e tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983 e... fechada para visitação.

Museu Histórico Barão de Santo Ângelo - casa em estilo português do século XIX que ainda tem uma senzala para escravos domésticos e... fechado para visitação.

Outro ângulo da Rua da Ladeira, a mais antiga do Rio Grande do Sul. Mal cuidada, sem nenhuma placa informativa ao turista e com esgoto correndo a céu aberto.


Em Colônia de Sacramento, Uruguai, cidade histórica, preservada e que vive do turismo, uma rua semelhante a Rua da Ladeira de Rio Pardo, é motivo de visitação por milhares de pessoas.

HISTÓRICO DE RIO PARDO


Rio Pardo foi uma das primeiras vilas a serem criadas no Rio Grande do Sul, e sua história está intimamente ligada à formação deste estado. Teve um papel importante como fortaleza de fronteira na conquista do território aos espanhóis, e daí seu moto de Tranqueira Invicta; foi palco de várias cenas da Guerra Guaranítica, sendo a prisão do lendário Sepé Tiaraju, e também na Revolução Farroupilha e na Guerra do Paraguai foi um local que centralizou atenções. Sua origem é, desta forma, essencialmente militar. Povoada principalmente por açorianos, que fundaram famílias que se ligaram às mais ilustres do estado, tornou-se no século XIX centro de produção agrícola e seu porto fluvial um movimentado entreposto de comércio. Sua antiguidade deixou marcas ainda visíveis na cidade, em tradições e na sua rica arquitetura colonial.

Às margens do rio Jacuí, é um dos quatro municípios mais antigos do Rio Grande do Sul e de grande importância histórica. No século XVII e século XVIII, compreendia quase 157 mil quilômetros quadrados, mais da metade do território sul-rio-grandense. O município de Rio Pardo deu origem a mais de 200 outros. Era habitada pelos nativos tapes, que foram depois reduzidos pelos jesuítas espanhóis nas Missões Orientais do Tapes, por volta de 1633.

O forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo, em 1752, foi construído com o intuito de ser a fortificação mais a oeste na chamada guerra Guaranítica - (1753-1756). Alguns anos após, chegaram os primeiros colonizadores açorianos, que foram povoando a cidade inicialmente em volta do forte. Foram estabelecidas plantações e fazendas criatórias, que sustentaram a economia e a sociedade regional.

Alguns historiadores contam que foi "no atalaia do Rio Pardo que se plasmou a alma guerreira dos rio-grandenses", visto que os Dragões (tropa de elite) estiveram em Rio Pardo de 1750 até 1823, portanto durante 83 anos.

Por estas razões, uma parte significativa das famílias do Rio Grande do Sul, com raízes no passado mais distante, tem ligação com esta cidade. Inclusive muitas famílias de proprietários vinham casar suas filhas com cadetes que vinham de todo o Brasil estudar na cidade. 

ALGUMAS EDIFICAÇÕES
- Casa que hospedou D. Pedro II e Conde D'Eu (1865)
- Solar do Almirante Alexandrino de Alencar (1790) - em estilo luso brasileiro
 - Casa do Visconde de São Gabriel
- Casa que hospedou o imperador D.Pedro II e Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias (1846)
- Casa de Ernesto Alves (republicano histórico)
- Senado da Câmara e Cadeia (1811)
- Casa de Cultura de Rio Pardo (antiga Escola Militar) - construída de 1846 a 1880 e tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983.
-  Prefeitura Velha

IGREJAS
- Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário - construída em 1779 e tombada pelo Patrimônio Municipal de Rio Pardo em 1978
- Capela São Francisco (com Museu de Arte Sacra de Rio Pardo) - construída em 1755 e uma das mais antigas da história colonial;
- Capela do Senhor dos Passos (1812)
- Capela São Nicolau (1754) (arte sacra missioneira)
- Igreja Metodista
- A Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias

MUSEUS
- Museu Histórico Barão de Santo Ângelo - casa em estilo português do século XIX que ainda tem uma senzala para escravos domésticos
- Museu de Arte Sacra de Rio Pardo (Capela São Francisco)
- Museu Zoológico
- Espaço Cultural Panatieri

ÁREAS HISTÓRICAS E PANORÂMICAS
- Rua da Ladeira (atual Júlio de Castilhos) - construída em 1813 copiando a Via Appia, é a primeira rua calçada no Rio Grande do Sul, ligando o antigo Forte Jesus, Maria, José ao centro da cidade. Foi tombada em 1954 pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Brasil

- Forte Jesus, Maria, José do Rio Pardo, apelidado de "'Tranqueira Invicta" - construído em 1752, hoje restam apenas três canhões e uma lápide com a planta da fortaleza

Isto tudo sem falar que nosso HINO RIOGRANDENSE foi composto na cidade de Rio Pardo.