Capa do livro que escrevi sobre as primeiras 15 edições do Festival Ronco do Bugio
Ontem comentamos sobre a origem do "ritmo" bugio. Hoje, uma breve explanação sobre como brotou o festival.
Na
década de 1980 proliferava no estado os festivais nativistas. Tendo a
Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana por pioneira, ocorreu no Rio
Grande, em determinado tempo, em torno de 80 festivais ao ano.
O
serrano João Cincinato Terra sentiu a necessidade do município de São
Francisco de Paula acompanhar aquele movimento musical que se acentuava
nas cidades riograndenses. Trocando idéias com o diretor do conjunto Os
Serranos, Edson Dutra, os intentos foram amadurecendo. Tendo a convicção
de que o ritmo bugio era originário dos campos de cima da serra, Edson
havia tentado constituir em sua terra natal, Bom Jesus, um festival do
gênero. Como esta localidade já realizava o ACORDE, um encontro de
conjuntos musicais, seus ideais não foram postos em prática. Por que não
realizar então tal festival no Berço do Bugio, São Francisco de Paula?
Foi o que ocorreu.
Recebendo o apoio do então prefeito Luiz
Antônio Salvador e dos integrantes do grupo Os Mirins (Chico e Albino),
também serranos, no ano de 1986, sob um lonão de circo e um frio de
renguear cusco, num meio de semana, para que os conjuntos de baile
pudessem participar, aconteceu o 1º Ronco do Bugio que teve como
vencedora a composição “Levanta Bugio” do cantor Leonardo, acompanhado
pelo grupo Os Monarcas.
O Festival Ronco do Bugio, agora em sua
22ª edição, é um evento genuíno, sendo o único do Rio Grande do Sul onde
só podem participar concorrentes que executem o mesmo ritmo musical, ou
seja, o bugio.
Se o nascedouro do "balanço de passo de ganso"
ainda gera discussões, uma coisa é certa: São Francisco de Paula
preocupou-se em preservar, através da música, não só o primeiro e único
gênero musical gaúcho, como também chamar a atenção de todos para a
quase que extinção deste primata de nossas matas, onde, em nome do
progresso, quase não se ouve mais roncar o bugio.