Neste sábado em que a patroa e eu vamos pegar a estrada rumo a Palmeira das Missões para assistir e dar uma força ao cantor Paullo Costa e grupo, que interpretarão a letra de minha marca "De Como Cantar Um Hino" na 28ª edição do grande festival Carijo da Canção Gaúcha, quero fazer uma oração pedindo ao Patrão Velho e a minha madrinha Nossa Senhora Aparecida (na imagem com o Papa Francisco), que ilumine nosso caminho.
A oração chama-se Prece do Gaúcho.
Aliás, esta oratória tem uma história muito interessante:
No ano de 2007, no Parque da Harmonia, por ocasião do Acampamento Farroupilha, a Estância da Poesia Crioula, que tinha na presidência a poetisa Beatriz de Castro, resolveu fazer uma Missa Crioula no Galpão de Eventos do Parque. Para comandar o culto convidamos o Padre Paulo Aripe, o "Potrilho" do Alegrete, que trouxe junto seu irmão e também sacerdote (o qual não lembro o nome).
Lá pelas tantas, em meio a celebração, o Potrilho falou assim: Agora vamos ouvir, de minha autoria, a Prece do Gaúcho.
Eu fiquei matutando àquelas palavras "de minha autoria" pois sempre soube que a Prece do Gaúcho carregava a marca do Bispo Dom Luiz Felipe de Nadal.
Não me contive e, ao fim da missa fui questionar o Padre Paulo Aripe, que assim me respondeu:
- Dom Luiz queria aproximar-se do movimento tradicionalista pois via alí uma camada enorme de fiéis. Então, por saber que eu escrevia poesias, solicitou-me algo no gênero.
Fiz a Prece do Gaúcho e lhe mostrei. Ele gostou demais e argumentou assim: - Se colocar meu nome como autor, por ser bispo, este escrito ganhará mais notoriedade. O que tu acha?
Meio a contragosto acabei concordando - respondeu o Padre.
Paulo Aripe, grande poeta, membro da Estância da Poesia Crioula, morreu há uns dois anos e como eu aprendi a não duvidar de Padre, tenho para mim que a Prece do Gaúcho é, realmente, de sua autoria.
Foi o chamado "carteiraço eclesiástico".
PRECE DO GAÚCHO
(Padre Paulo Aripe - o Potrilho)
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito, Santo e com
licença, Patrão Celestial. Vou chegando, enquanto cevo o meu amargo de minhas
confidências, porque ao romper da madrugada e ao descambar do sol, preciso
camperear por outras invernadas e repontar do Céu a força e a coragem para o
entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca, rebenque
e esporas, não se afirma nos arreios da vida, se não se estriba na proteção do
céu. Ouve patrão celeste, a oração que te faço, ao romper da madrugada e ao
descambar do sol.
Tomara que todo seja
como irmão! Ajuda-me a perdoar as afrontas e não fazer aos outros o que não
quero para mim. Perdoa-me patrão celestial, porque rengueando pelas canhadas da
fraqueza humana,de quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira
afora... êta potrilho xucro, renegado e caborteiro... mas eu te garanto meu
Deus, quero ser bom e direito!
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do Céu, socorre-me
São Pedro, capataz da estância gaúcha, e prá fim de conversa, vou te dizer
Patrão Celestial, mas somente prá ti: que tua vontade leva a minha de cabresto
prá todo o sempre, até a querência do Céu. Amém...