RETRATO DA SEMANA

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domingo, 15 de abril de 2012

LICITAÇÃO PARA FESTIVAL NATIVISTA

Adelar Bertussi no festival Ronco do Bugio

Vocês podem ter certeza de uma coisa. Quando um festival nativista tem sua data modificada, ou seja, é adiado, noventa por cento das vezes são por motivos financeiros. Ou a prefeitura na cidade do evento não aportou verbas, ou o patrocínio cultural não aconteceu, mesmo com a Lei de Incentivo a Cultura ou a Lei Rouanet aprovadas. Os outros dez por cento são por outros problemas como, desorganização, poucos concorrentes, superposição de datas, ou algum caso fortuito e imprevisto pela organização.

Da mesma forma, quem lida com festival sabe que é muito difícil, para não dizer impossível, que um evento nativista seja autosustentável, ou seja, não precise de auxílio financeiro externo. Não sei bem atualmente, mas quando coordenei, por quatro edições o Festival Ronco do Bugio, com grandes atrações, boas ajudas de custo e premiações, grande divulgação na mídia, tal evento não saia por menos de R$60, R$70 mil. Se não há um apoio (público ou privado) para tais despesas, ocorrre como no pioneiro e maior festival do Rio Grande do Sul, a California de Uruguaiana, que hoje, segundo informações, tem um débito de mais de R$ 400 mil.

Isto tudo é um preâmbulo para o tema desta postagem.

Quando soube oficialmente e pessoalmente, através do Secretário de Turismo de São Francisco de Paula, Sidnei França, que o Ronco do Bugio (o Festival Mais Autêntico do Rio Grande, pois é o “único” onde só concorrem composições no compasso de bugio, ritmo genuinamente gauchesco), teria sua data prorrogada perguntei-lhe: Por que?

A resposta do meu amigo Sidi, uma pessoa incansável e batalhadora pela cultura e o turismo de cima da serra, foi esta:

- Vamos abrir um processo de licitação para organização do Ronco do Bugio e da Festa do Pinhão e por isso precisamos de mais prazo. Tal procedimento licitatório – continuou o Sidi - já ocorreu no festival Sapecada, de Lages, Santa catarina. Vai ser na modalidade Pregão e leva uns oito dias para sua efetivação.

Pelo que eu entendo de licitação quem oferecer o maior preço, comprometendo-se a cumprir as prerrogativas expostas no edital, ganha o certame.

Então eu pergunto: Se um festival é deficitário, ou mesmo que se consiga algum patrocínio ( por lei, este patrocínio deverá cobrir apenas as despesas), que empresa ou produtor cultural ainda vai ofertar dinheiro para realizar tal evento?

Sinceramente não entendi este processo e gostaria que alguém me explicasse como funciona na prática....

De toda a forma, fico dando todo o meu apoio para que o Ronco do Bugio aconteça pois é um evento preservador de cultura e que tantas alegrias e músicas memoráveis já doou a nossa terra gaúcha. Escrevi um livro sobre este evento e sou testemunha da história linda de sua criação, pelos Mirins e pelos Serranos, e de seus 21 anos de existência a começar pela lona de um circo até a edificação do belo ginásio municipal, construído em função da grandeza do festival. Problemas existiram (e qual festival não os teve?) mas é exatamente para evitar tais problemas e dar mais transparência aos gastos que, segundo os organizadores, estão criando a presente licitação.

Estou pagando para ver.... e ficando na torcida de que eu perca!