Enquanto o dia clareava
pela garganta do galo
e vinham do campanário
ecos de sino em badalos
eu fui entrando na vila
ao tranco do meu cavalo.
Centauro do tempo antigo,
homem campeiro de agora
que carrega na linhagem
velhos costumes de outrora,
gaúcho, sempre gaúcho,
vila a dentro ou campo a fora.
Saudade não envelhece,
tradição não perde o gosto,
quem tropeou sóis de janeiro
e rondou luas de agosto
trás os farranchos no peito
e a lida rude no rosto.
Por isso que sou assim
calhandra de canto puro,
sem voltas nem contra-voltas,
risco branco em pala escuro
e alma de mil poetas
por baixo do pêlo-duro.
Apeei lá no armazém
pra mode molhar a güela,
atei meu zaino-pinhão
num varejão da cancela
e notei que se mexiam
as cortinas das janelas.
Pois não há quem não bombeie
uma estampa arrinconada,
um violão a meia-espalda,
uma voz de clarinada,
porque é o Rio Grande chegando
dando adeus de mão pegada.
Esse é meu jeito
e tanto faz
se a minha história
ficou prá trás.
Tenho motivos de sobra
pra viver assim no mais.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
MUDANDO O TRANCO DO BÁIO
Para dar uma aliviada no trote, já que a postagem de ontem foi meio pesada, publicamos, hoje, uma letra que fiz e que será o nome do novo CD de José Claro, o Zezinho, um gaiteiraço de primeira e que estará lançando um novo trabalho ali por abril, maio, deste ano.
Aproveito a olada para agradecer às diversas manifestações de apoio que recebi em relação a prosa de ontem. Não vamos afrouxar o garrão, meus amigos Hilton Araldi, Jeândro Garcia, Carlos Homrich, Rogério Bastos (que inclusive dedicou bom espaço em seu concorrido blog sobre o assunto) e tantos outros.
Postado por
Léo