CONVITE: Em 2025 vamos reviver os velhos tempos?

CONVITE: Em 2025 vamos reviver os velhos tempos?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

DE PAI PRA FILHO

Jadir Oliveira e Jadir Oliveira Filho lançam um ótimo trabalho - De Pai Pra Filho.

Quando eu me fui ao Rodeio Internacional de Vacaria no início do mês, além de participar da Comissão Avaliadora de Intérpretes, eu tinha uma segunda intenção: assistir ao concurso de pajadas.

Gineteada, tiro-de-laço, invernadas artísitcas, gosto demais, mas já vi muito em minha vida. A novidade, para mim, seria o concurso de pajadas, para analisar, criteriosamente, em que nível andamos nesta arte tão bonita.

Na hora da bóia comunitária encontrei-me com os grandes declamadores Wilson Araújo e Patrocínio Vaz Ávila, que estavam avaliando declamação, e comentei com eles este meu desejo (de bombear os pajadores), no que o Wilson respondeu: - Léo, pode ir mas já te antecipo o resultado. Vai dar Jadir Oliveira. O "home tá" versejando uma "cosa" por demais. E te digo mais - continuou o Wilson - não vai longe e o filho dele "tá" igualzinho.

Troteando lá pelo parque me deparei com o dito cujo (pajador Jadir Oliveira) e com seu filho, Jadir Oliveira Filho, que está um homem feito. O Jadir me regalou com um CD "De Pai Pra Filho" que quase furei de tanto escutar no retorno de Vacaria.

Pois bueno. Por coincidência de horários não pude assistir aos pajadores, embora tenha charlado com o Arabi Rodrigues, o Adão Bernardes, o Pedro Junior da Fontoura...

Agora, bombeando o resultado das provas artísticas do rodeio, me deparei com as pajadas e o resumo da ópera foi o seguinte;

1º Lugar: Jadir Oliveira
2º Lugar: José Ailton Macedo Carvalho
3º Lugar: Pedro Junior da Fontoura

Não é de valde que o Wilson Araújo fez aquela previsão. Segundo opinião de Antônio Augusto Fagundes, no que é acompanhado por quem entende desta arte de rimar de improviso através da métrica Espinéla (A,BB,AA,CC,DD,C), o Jadir Oliveira é o grande sucessor de Jayme Caetano Braun, o ícone dos pajadores. Como complemento desta prosa, vale lembrar que o Jadir Oliveira foi considerado o Melhor Pajador nos DESTAQUES DA DÉCADA, uma promoção de nosso blog que o leitor pode conferir no link ao lado.

Em relação ao CD, como não poderia deixar de ser, é um trabalho focado em cima das pajadas e das composições com cheiro de chão deste gaúcho nascido a 18 de maio de 1968 em Vicente Dutra (Alto Uruguai). Com um ótimo visual de encarte e a sempre competente produção do Nelcy Vargas, Jadir (pai) se encarrega, na maioria das faixas, das declamações e deixa as cantorias para seu filho, que desempenha o papel com muita competência, apesar de ser um galo novo.

A música de divulgação do CD é Relíquia De Um Missioneiro onde Jadir Oliveira conta como encontrou o "Pala Velho" perdido por Noel Guarany em um dos clássicos do saudoso cantor da Bossoroca. Outro trabalho interessante é uma narrativa em décima (pajada) intitulada Prosa de Saudade, onde se destaca a participação de Celso Oliveira.

Como diz o ditado, filho de tigre sai pintado, e De Pai Pra Filho é um retrato da arte poética e musical de fundamento. A discografia pura e autêntica do Rio Grande agradece!

Siga-me no Twitter: @tcheleoribeiro