Parceirada do Blog. Estou entrando de férias (o blog não). Meus merecidos 30 dias vão até a quarta-feira de cinzas. Vou me socar no meu rancho na Praia de Curumim e daqui só sair esporadicamente (tipo Rodeio de Vacaria no início de fevereiro). Como a tecnologia nos permite, o blog, mesmo a meia-guampa, prosseguirá.
Esperamos, neste meio tempo, seguir em contato com vocês, queridos leitores, levando, aos encontros do cavalo, este intercâmbio cultural.
O tempo por aqui "tá" osco e o mar achocolatado, mas não vamos afrouxar o garrão. Nesta manhã de domingo deixo para vocês um texto bem humorado do Paulo Wainberg sobre nosso veraneio gaúcho.
Esperamos, neste meio tempo, seguir em contato com vocês, queridos leitores, levando, aos encontros do cavalo, este intercâmbio cultural.
O tempo por aqui "tá" osco e o mar achocolatado, mas não vamos afrouxar o garrão. Nesta manhã de domingo deixo para vocês um texto bem humorado do Paulo Wainberg sobre nosso veraneio gaúcho.
Não sei se vocês, de outros Estados, sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma linha reta, sem enseadas, baías, morros, re-entrâncias ou recortes. Nada! Apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro.
Torres, aliás, é um equívoco geográfico, contrário às nossas raízes farroupilhas e devia estar em Santa Catarina. Característica nossa, não gostamos de intermediários.
Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia. Nada de vistas deslumbrantes, vegetações verdejantes, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivadas aí para cima.
O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa. É marrom! Cor de barro iodado, é excelente para a saúde e para a pele! E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem para pegar jacaré ou furar onda. O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos. Quem entra nele tem que se garantir.
Não vou falar em inconvenientes como as estradas engarrafadas, balneários hiper-lotados, supermercados abarrotados, falta de produtos, buzinaços de manhã de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele ardendo, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra.
Dois ventos predominam, em nosso veraneio: o nordeste – também chamado de nordestão – e o sul, cuja origem é a Antártida.
O nordestão é vento com grife e estilo... estilo vendaval.
Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. Ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna de alguém ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, você está construindo com seu filho de cinco anos.
O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. Se você for para a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vento ideal para se comprar milho verde e deixar a água fervente escorrer em suas mãos, para aquecê-las.
Outra coisa: nosso mar é pra macho! Água gelada, vai congelando seus pés e termina nos cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que leva para recuperar-se do choque térmico.
E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito, nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: “foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador” e outras bichices. Esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.
Nossos veraneios costumam começar aí pela metade de janeiro e terminar aí pela metade de fevereiro, depende de quando cai o Carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias. Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos à noite. Quase todos na mesma hora, ida e volta.
É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento. Chegamos a nossa casa, rezando para que não tenha sido arrombada, pelas nove ou dez da noite. Usufruímos nosso mar paradisíaco no sábado – manhã, tarde e noite – e no domingo, quando fechamos a casa.
Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta de noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.
Temos, aqui no Sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo: Graças a Deus que terminou esta bosta de veraneio!