Ontem a noite, pela TV Educativa, assisti por um bom tempo a 22ª Festa Nacional do Chamamé, em Corrientes, Argentina.
É uma festa grandiosa, com uma superprodução e grande envolvimento dos correntinos. Delegações de vários países se fazem presente. O Mato Grosso do Sul foi homenageado por ser um dos Estados brasileiro que mais difundem este ritmo musical, inclusive com um festival temático parecido com a Festa de Corrientes.
Por ser uma festividade com foco único neste compasso, imaginei algo meio cansativo. Mas não. O evento é dinâmico, alegre, bem como sugere tal ritmo. Antigamente, pelos bailongos das querências riograndinas, para fazer o povaréu "ir à sala" os gaiteiros tocavam um limpa-banco (muito próximo do vaneirão). Hoje, quando o baile quer "morrer" o grupo lasca um chamamé que os dançantes, dos mais apaixonados aos que desejam mostrar suas habilidades com os pés, se acotovelam no salão.
Tivemos, ontem, até a hora em que assisti, além de grandes cantoras chamamaceras, hábeis bandoneonistas (inclusive um indiozito do Mato Grosso do sul) e acordeonistas de gaitas botoneiras, muito propícias para a execução do chamammé. Gaúcho da Fronteira representou musicalmente nosso Estado. Na terra do chamamé lascou o Vaneirão Sambado e o Nheco vari, Nheco fum. Penso que o imenso público não entendeu muito mas ficou de cara alegre ao final.
A festança seguiu com balé folclorico e, mais chamamé... Fui dormir e me vi bailando, de rosto colado, um chamamezito.
Não é de agora que o chamamé não tem fronteiras. Em sua origem se integram raízes culturais dos povos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos. Na Argentina, o chamamé é dançado em compasso ternário, ou seja o chamamé valsado, na língua indígena guarani, chamamé quer dizer improvisação.
O chamamé é o resultado do amor, da fusão de raças (etnias), que misturadas com o tempo contaram a história do ser humano e de sua paisagem.